terça-feira, 8 de junho de 2021

COMER COM OS OLHOS, COM O NARIZ, OUVIDOS, MÃOS E... COM A BOCA




Pouca gente sabe que o paladar é o sentido que mais interage e até depende dos demais. O prazer de comer alguma coisa tem muito a ver com o cheiro, visual, textura e até barulho da comida. É daí que vem a expressão "comer com os olhos" porque, literalmente, a visão antecipa o sabor... e daí outra expressão: "Comida que dá água na boca". Que tal aquele belo doce colorido, com uma cereja gorda e suculenta protagonizando a guloseima? Muita gente come um doce desses com os olhos antes mesmo de levá-lo à boca.

A boca é apenas porta de entrada, mas antes do alimento chegar nela, passa pelo nosso olfato, visão e tato. E, uma vez na boca, ainda tem mais um sentido envolvido: a audição. Já repararam como o barulhinho crocante de uma bolacha salgada, de um biscoito ou de uma batata chips influencia no sabor? O cheiro, claro, é também determinante num alimento. Muitas vezes ele nos alcança antes de vermos a refeição. Se for do nosso agrado dá quase para sentir o gostinho antecipado de uma determinada comida. Se for um cheiro desagradável, de imediato rejeitamos o alimento... o que nos assegura, muitas vezes,  de comer muita coisa estragada. 

E como o tato influencia no paladar? Fácil! Basta lembrar daquelas bisnaguinhas que muita gente adora amassar (bem amassado) antes de comer, geralmente, no café-da-manhã. Outros adoram a sensação de amassar miolo de pão. Sabe aqueles queijos em formato de palito? Aquilo é um “mimo” para o paladar porque as pessoas interagem prazerosamente com a comida desfiando o queijo antes de comê-lo. Comer com as mãos também aguça o sabor. É por isso que os pedaços de pizzas ficam muito mais saborosos sem auxílio de garfo e faca.

 
Paladar e memória

Há muitos exemplos de como a visão, o olfato, a audição e o tato interferem no sabor. Mas tem mais um elemento de atuação bem sutil sobre o paladar: nossas lembranças. Já ouviram falar em viciados em leite ninho? Bom... fui uma dessas pessoas que comia (de fato comia o pó puro) de uma lata em dois dias. Resultado: dolorosos e complicados estados de prisão de ventre. O leite ninho consumido puro vira pedra dentro do organismo. Dá pra imaginar o estrago? Esse vício pode ter como causa uma necessidade de voltar aos primeiros anos de infância, principalmente, se a criança foi amamentada com leite em pó. Minha mãe dizia que eu tinha rejeição ao leite materno, então devo ter tomado bem mais leite industrializado do que o natural.

Alimentos que nos remetem a um período feliz de nossas vidas podem ter uma atração especial, um sabor mágico. Brigadeiro pode ser um bom exemplo disso. Por que será que essas bolinhas de chocolate fazem tanto sucesso e tem gente que come brigadeiro até gritar de dor de estômago? A comida com gosto de passado pode ser ainda um prato que era feito com muito capricho pela mãe ou avó já falecidas... um prato que, quando consumido, dá uma sensação nostálgica de proteção e conforto. Lembranças, boas ou más, certamente afetam o sabor dos alimentos. Algumas podem nos afastar de determinadas comidas para sempre. Por exemplo: o desfecho de um relacionamento amoroso enquanto os dois comiam uma lasanha. Pronto! Risca-se a lasanha do cardápio e, muitas vezes, só o cheiro dela já dá desconforto.

Obs.:
Essa minha reflexão sobre o paladar surgiu a partir de uma participação no grupo do Centro de Estudos da Consciência(CEC) em São Paulo cuja página no Facebook pode ser acessada AQUI.  Nessa ocasião, após falarmos sobre os aspectos que envolvem o paladar, comemos de olhos fechados algumas frutas e verduras, que também é uma experiência bastante interessante: a gente se dá conta da textura, ruído e do cheiro dos alimentos de forma muito mais intensa no escuro. 

Fátima ChuEcco Jornalista e Escritora



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