sexta-feira, 4 de maio de 2018

EVOLUÇÃO É MUITO MAIS QUE VEGANISMO



 


Deixar de comer animais é só um passo da evolução.
Deixar de comer vida (inclusive a vegetal) é o passo seguinte.
Mas a humanidade está nesse ponto?
Vejo com frequência grupos que amam animais trocando ofensas... uns porque defendem cães e gatos e outros (geralmente vegans) porque não admitem que se defenda animais domésticos e não os de consumo.

Mas... veganismo é o caminho, não o destino.
Tudo depende de um processo evolutivo que passa pelos campos biológico, cultural e emocional do ser humano... e isso leva muitos anos. Tempo suficiente pra nenhum de nós estar mais aqui. E no caso do planeta Terra há ainda um agravante nesse processo: humanos e outros animais estão em estágios evolutivos muito diferentes, o que contribui drasticamente para  a escravidão, o abuso e crueldades, sendo que os mais fortes dominam os mais fracos.


E os próprios humanos tb se encontram em estágios evolutivos diferentes.
Então... o processo fica mais longo e penoso porque mesmo aquele que planta sementes do bem, da igualdade, desperdiça muita energia lutando contra os que estão num estágio mais atrasado que pode ser entendido como “menos ético”.

Porque amamos uns e comemos outros?

Existe uma razão clara para que a grande maioria das pessoas que ama cães e gatos, coma galinha, vacas, porcos e uma infinidade de bichos.
CONVIVÊNCIA.

E é no convívio próximo com outras espécies (e me refiro ao convívio dentro de casa) que são gerados afetividade, compaixão, amizade, companheirismo, proteção mútua e uma série de outros bons sentimentos. E somado a isso tem ainda o avanço da comunicação entre espécies distintas. Todo mundo que vive com cães e gatos aprende, pelos sons que eles emitem, o que querem, o que os incomoda, o que os faz feliz etc. Mesma coisa no sentido inverso: eles tb passam a entender muitas de nossas palavras, intenções, expressões, gestos etc.



A convivência estabelece uma relação em que o outro deixa de ser inimigo, perigo e muito menos comida.  É por isso que animais selvagens criados com humanos nãos os atacam (salvo situações de extremo estresse – mas isso tb ocorre entre humanos, ou seja, vemos o tempo todo filhos matando pais, crimes passionais, psicopatias de alto nível e um desfiladeiro de violência de caráter humano). 



Então creio que a frase “Porque amamos uns e comemos outros?” tem a seguinte resposta: porque não convivemos de forma próxima com todas as espécies. Defendemos com mais facilidade os animais que vivem conosco sob o mesmo teto. E isso vale pra todos os bichos: inimigos naturais viram amigos, assim, gatos podem conviver com pássaros, cães com gatos... olha... até cobras com ratos se forem 
criados juntos.



Alimento artificial

Veja bem: convivência é a resposta, não a solução. O ideal seria aprendermos a respeitar todo tipo de vida, independente da convivência, incluindo a vegetal, pois, já há pesquisas que mostram que as plantas tem sim um princípio de inteligência e emoções, mas se vc diz isso pra um vegan ele dá risada... aliás, a mesma risada irônica que um apreciador de carne dá quando vc diz que animal pensa, sente dor e tem sentimentos. 


Lá na frente, num futuro que poucos podem imaginar, a alimentação será totalmente diferente da de hoje, provavelmente obtida de forma artificial.
Enquanto esse dia não chega, vale a pena comemorar cada pequena evolução. ASSIM:

Ótimo que não comam cães e gatos em boa parte do mundo. Ótimo que seja proibido caçar tartarugas e onças pintadas. Ótimo que não matem mais animais em muitos  CCZs. Ótimo que estão protegendo elefantes e ursos. Ótimo que tem gente lutando pelos macacos. Ótimo que tem cada vez mais opções sem carne nas prateleiras. Tudo isso faz parte de um processo. Cada avanço tem que ser valorizado e não criticado porque não engloba vaca, boi, galinha e porco. A gente chega lá.


Qualquer hora deixarão de comer coelhos. Depois galinhas, mais adiante bois. Uma hora não permitirão vivissecção... e assim por diante. Ninguém vai conseguir acabar com  o consumo de carne criticando os avanços que se teve até hoje. Cada animal, seja doméstico, selvagem ou silvestre que vai ganhando respeito (e leis de proteção) contribui para a libertação dos animais usados para o consumo humano. Uma coisa vai puxando a outra.

Caminho, não destino

Acho ótimas as campanhas que procuram motivar o vegetarianismo ou o veganismo... mas repito, esse é só um caminho, não o destino.

A maioria dos vegans e dos protetores de animais vegetarianos, alimentam seus cães e gatos com ração de carne. Se vc vê um animal esfomeado na rua, pele e osso, não vai dar pra ele um maço de  alface.
Portanto, ninguém tem como se declarar “limpo” do consumo de carne. 


A Terra está num estágio em que vida se alimenta de vida, portanto, ainda é bem "involuída". Isso está diminuindo e é bem provável que um dia acabe. Mas por enquanto é sim importante uns defenderem cães e gatos, outros bois e galinhas, outros coelhinhos,  outros golfinhos e baleias, outros  cobras e lagartos, outros ratinhos de laboratório... porque todas essas lutam convergem para um mesmo destino, só que por diferentes caminhos.


Nota final:
Muita gente se sente especialmente evoluída porque deixou de comer carne. E ainda por cima ataca quem defende outros animais (domésticos ou selvagens) porque acha que ou se defende todos ou não se defende nenhum. É mais ou menos como chegar num ativista pelos direitos dos gays e dizer: "Por que vc não defende os idosos e as crianças? Não é tudo gente?". Lutas distintas convergem para um mesmo objetivo quando as pessoas se unem. Ativistas pelos animais, vegans ou não, deveriam ter em mente que cada animal que ganha respeito e direitos contribui para a libertação de outras espécies. Evolução é um processo e veganismo é só um dos caminhos, mas não o destino. 
O que meu artigo procura expor é que é excelente que tem gente que luta pelos elefantes, outros pelos lobos, outros pelas araras, outros pelas galinhas, outros pelos animais de laboratório. O objetivo é unico (liberdade, ética etc), mas as lutas precisam ser segmentadas e devem ser respeitadas, especialmente, pelos ativistas q defendem os animais usados como comida. Digo isso pq é muito comum ver protetores de cães e gatos sendo atacados pq não estão defendendo vacas. E tem mais: conheço varios vegans que embora lutem pela libertação animal, nada fazem pelo proximo... são pessoas egoistas, q não ajudam ninguem. Evolução é todo um contexto e não só o fato de deixar de comer carne... aliás, deixar de comer carne é a parte mais fácil. Fátima Chuecco

2 comentários:

  1. Defender crianças é legitimo e não exclui defender idosos, se quem defende activamente crianças, não prejudica de nenhuma forma os idosos - não há exclusão, mas somente especialização na frente de defesa escolhida. Nada tem a ver com o se ser Vegan, ou não. Pois aqui sim, existe a posição pelo não-Vegan, da defesa activa de cães, gatos, touros e outros animais considerados "de companhia" dignos de uma existência própria, com respeito, liberdade e Direito à Vida, e ao mesmo tempo pratica activamente, directa ou indirectamente, a defesa da posição que outros animais não têm direitos: as vacas, porcos, peixes, galinhas e outros animais considerados "de abate" (os que os não-Vegan entendem e defendem não terem o mais fundamental direito de todos - o Direito à Vida). Aqui há efectivamente exclusão e discriminação entre uns animais e outros - a isto se chama espécismo. O artigo da Fátima, tenta colocar os Vegan e os não-Vegan ao mesmo lado. O que não é correcto, mas também não é de todo falso. O que sucede é que o não-Vegan defensor dos direitos de alguns animais, caminha no mesmo sentido do Vegan - ambos remam no mesmo sentido - todavia, o Vegan não defende só alguns animais. O Vegan defende o direito a uma existência própria, com respeito, liberdade e Direito à Vida de todos os animais. O não-Vegan pratica activamente discriminação contra outros animais que não os animais "de companhia", quando paga no supermercado pelo animal que foi morto porque o consumidor final assim o deseja. Remamos no mesmo sentido, sim. Mas o Vegan não faz discriminação, não é espécista e não contribui para a morte de nenhum animal - para o Vegan, a satisfação do sabor, hábito, tradição e conveniência do ser humano não justifica a morte de nenhum animal. O Vegan é moralmente superior? Não, não é - decerto que também existirão alguns Vegans com a mania da superioridade, não-humildes, parvos, estupidos, que batem nas mulheres, etc. tal como não-Vegans. Mas que têm uma consciencia superior aos não-Vegan, no que diz respeito pelos direitos dos animais, têm, óbviamente, porque os Vegan não pagam pela morte de nenhum animal. - Devemos ser a mudança que queremos ver no Mundo. Não devemos ficar a aguardar que o Mundo mude para nós mudarmos...

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    1. Gostaria que o mundo fosse todo vegan, ou melhor, q não consumisse nenhum tipo de vida, nem mesmo a vegetal pq já se sabe que os vegetais tb têm alguma inteligência e emoções. Mas entendo tb que estamos todos em estágios evolutivos diferentes e que uns estão preparados para deixar de comer carne, enquanto q outros não. No entanto, evoluir e transformar o mundo num lugar melhor é muito mais que deixar de comer carne, pois, pra mim, essa é a parte mais fácil, afinal, temos muitas opções de alimento, especialmente no Brasil. Deixar de comer carne é muito simples e até cômodo para quem já está nesse estágio, ou seja, não sente mais necessidade desse consumo. Não como carne, cruzo os braços e digo: estou contribuindo para um mundo melhor. De fato contribui passivamente, mas se ainda há onça pintada, gorila da montanha e outros animais na face da Terra é por causa de pessoas que se preocuparam em salvar esses bichos. Então quem (ainda) come carne tb pode estar contribuindo para um mundo melhor, só que por outro caminho. É por isso que acho q todas as bandeiras da luta animal são importantes e convergem para o mesmo destino. Por isso que digo que o veganismo é o primeiro passo, mas não último e nem o mais importante, pois, se outras lutas paralelas, de pessoas que ainda comem carne não existissem, o mundo estaria pior com relação aos direitos dos animais e, principalmente, à preservação de outras espécies.Deixar de comer carne é importante, mas não é tudo e isso se faz sem nenhum esforço pq quem deixa de comer carne o faz porque já está nesse ponto, nesse estágio. E haverá cada vez mais gente nesse ponto ao longo das próximas gerações - num processo natural de evolução. O que quero dizer com o artigo é que vagens não deveriam atacar não-vegans q, de alguma maneira, tb estão engajados na luta animal, só que por outros caminhos. Mesmo porque, inúmeros vegans alimentam seus cães e gatos com ração de carne e nem poderia ser diferente pq, nós, humanos, podemos deixar a carne deliberadamente, mas não seria muito ético forçar cães e gatos a uma alimentação vegetariana... acho q não pq não sei se, organicamente falando, esses animais estão prontos para essa transição. Enfim, só acho q vegans poderiam se unir a não-vegans ao invés de desperdiçar energia com discursos sobre especismo. Tem muito vegan que embora tenha um dado um passo a frente deixando de comer carne, dá dois passos pra trás ao ser egoísta, violento e as vezes mau caráter com outros de sua própria espécie. Tem vegan tão "atrasado" que ainda acha que os demais animais são irracionais e que o ser humano é único capaz de pensar num planeta habitado por bilhões de espécies animais.

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