Na Unicamp,
por exemplo, os alunos de Medicina ainda treinam em porcos e coelhos
procedimentos de drenagem de tórax, suturas de alças intestinais, abordagem de
órgãos retroperitoniais para contenção de sangramentos e janela cardíaca para
controle de ferimentos graves.
Os deputados
da CPI de Maus-Tratos Contra Animais da Assembleia Legislativa de SP ouviram
hoje o professor Wagner Fávaro, do Instituto de Biologia da Unicamp, convocado
para falar sobre o uso de animais naquela instituição que, junto com a USP e a
Unesp, entregaram ofício ao governador alegando que não existem métodos
substitutivos para todos os procedimentos usados no ensino.
O deputado
estadual Feliciano Filho considerou a reunião bastante produtiva: “O professor
respondeu todos os nossos questionamentos e explicou que a Unicamp ainda mantém
quatro procedimentos feitos com animais no ensino da Medicina. No entanto, a
professora Odete Miranda, também
presente à reunião, demonstrou que a Faculdade de Medicina do ABC, onde ela
atua, já usa cadáveres eticamente
adquiridos para todos os procedimentos apontados pela Unicamp”.
Segundo o
deputado, o professor Fávaro se mostrou propenso a conhecer novos métodos de
ensino que poupam a vida de milhares de cobaias. Na Unicamp, por exemplo, os
alunos de Medicina ainda treinam em porcos e coelhos procedimentos de drenagem
de tórax, suturas de alças intestinais, abordagem de órgãos retroperitoniais
para contenção de sangramentos e janela cardíaca para controle de ferimentos
graves.
“Os
cadáveres de animais adquiridos de hospitais veterinários dão conta de todos
esses processos. A professora Júlia Matera, da USP, inclusive, aprimorou essa
técnica e os cadáveres podem sangrar e duram até seis meses. Outra vantagem é
que os alunos podem treinar também fora da aula e não sofrem dissensibilização
ao assistirem tantos animais sendo arrastados para as aulas práticas. Os
animais sabem que vão morrer”, explica a professora.
Diante da
exposição da professora Odete, que é também cardiologista, Fávaro disse que
pretende ir à Faculdade de Medicina do ABC para conhecer a técnica com
cadáveres. O professor disse ainda que nenhum outro curso da Unicamp utiliza
cobaias e que o biotério da faculdade cria ratos e camundongos destinados
apenas para a pesquisa.
Feliciano
Filho ressaltou que os deputados da CPI ouvirão técnicos e formularão relatório
a ser encaminhado ao Ministério Público: “Havendo método substitutivo, segundo
a Lei 9.605, o uso de animais no ensino é crime. Por isso, peço humildade as
maiores universidades de SP para que aceitem que podem melhorar seu ensino sem
o uso de cobaias e aceitem a transição para um aprendizado muito mais eficiente
e sem sofrimento”.
Além da
Unicamp, a CPI de Maus-Tratos Contra Animais já ouviu também a USP. A
convocação da Unesp, na data de ontem, não foi proveitosa porque o professor
escolhido para representar a instituição alegou não ter conhecimento técnico
para falar de métodos substitutivos no ensino. Os deputados pretendem convocar
o reitor da Unesp para uma próxima reunião ainda sem data marcada. Outro tema
da CPI é a caça ao javali, cuja investigação continua em andamento.
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