Félix, de apenas um aninho, levava uma vida mansa em Brasília na companhia de outros sete gatos. Durante o dia podia ficar solto ao redor da casa, mas depois era recolhido. Quando seus tutores resolveram dar um pouquinho mais de liberdade a ele também à noite, Félix viu um novo imenso mundo se desdobrar na sua frente e ficou impossível não mergulhar nele. E foi assim que se perdeu: explorando a vizinhança sob a luz do luar.
Mas não foi o próprio Félix que me contou isso. Trata-se de uma dedução diante do que seus tutores, Vanessa e Marcelo Araújo, me relataram sobre a personalidade do gatinho. Aliás, Vanessa tinha na ponta da língua o raio-x do seu bichano: sociável, brincalhão, caçador, meninão, confiante e tudo que cabe na descrição de um adolescente como ele.
Gatos com esse perfil tendem a se aventurar caso tenham chance disso. E foi por isso que logo na segunda noite de liberdade Félix sumiu! Imaginem quantos barulhinhos, cheiros novos e gatos que ele não conhecia vindos com o cair da noite não o atraíram para longe de casa!
O casal imediatamente foi falando com a vizinhança, colando cartazes e divulgando seu desaparecimento no grupo de whats app do condomínio. E todas essas ações são realmente necessárias, mas é preciso ter em mente que, se o gato fica acidentalmente preso em alguma casa, galpão, forro de telhado, porão, bueiro... enfim... muitos lugares da onde não consiga sair, só os cartazes e divulgação não bastam porque simplesmente o gato não está em situação de ser visto.
Por isso as buscas a pé por lugares onde possa estar preso são essenciais.
Felizmente, com Félix, que aparentemente não ficou preso, duas ações deram muito certo: os cartazes e a mentalização, que também chamo de conexão.
"Ele estava no condomínio do lado do nosso! Estava no meio de um mato. Os vizinhos que haviam visto o cartaz o reconheceram enquanto faziam trilha e nos avisaram. Chegando lá nós chamamos por ele e ele respondeu. Estava faminto e comeu feito um boi. Fizemos a mentalização", conta Vanessa.
Os gatos são muito telepatas e quando se perdem tentam conectar seus tutores, principalmente por meio dos sonhos, onde dão sinais da onde estão perdidos ou do que pode ter acontecido com eles.
Os tutores de Félix não sonharam com ele, mas Marcelo relatou que tinha uma sensação forte dele estar por perto. Além disso, um outro gato da casa, que é muito próximo do Félix, também emitia sinais de uma possível conexão com ele: miava e chamava pelo amigo insistentemente.
Minha sugestão a todo tutor que está procurando seu gato é: pense nele, peça sinais para encontrá-lo e tente lembrar detalhadamente dos sonhos.
Félix estava cerca de 500 metros longe de casa que, aliás, costuma ser a distância máxima que um gato percorre quando se perde, com exceção de casos em que entra no motor de um carro e vai parar bem longe ou, por alguma razão, é socorrido ou capturado e levado embora.
Mas geralmente, por vontade própria, eles não andam longas distâncias como os cães. Tendem a se esconder nos imóveis vizinhos.
Mesmo assim, tudo depende muito, mas muito mesmo, da personalidade do gato e de suas experiências particulares. Para saber por onde anda um gatinho perdido é preciso levar em conta, inclusive, sua idade ou a fase da vida em que ele se encontra.
Um gato maduro ou idoso dificilmente vai se arriscar numa aventura e deixar para trás cama, comida e pelo lavado. Caso escape vai se esconder bem do lado de casa.
Já um gato jovenzinho como o Félix, que não é traumatizado ou assustado e, pelo contrário, adora fazer amizades, tende a explorar a redondeza.
Podemos arriscar dizer que Félix saiu pra uma balada, se empolgou seguindo outros gatos da região e, quando deu por si, já não sabia mais voltar para casa.
Na hora de procurar um gato perdido muitos fatores devem ser levados em consideração para uma busca mais assertiva.
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Consultoria personalizada para encontrar gatos perdidos
Fátima ChuEcco - Jornalista e Escritora
Autora do clássico "Mi-Au Book - Um livro pet-solidário" que reuniu cães e gatos do Brasil e exterior e teve em sua segunda edição a participação de Brigite Bardot. Jornalista ambientalista, especializada em animais de estimação e, principalmente, em GATOS!
Desenvolve fotolivros literários com crianças e animais. Seu gatinho também pode ter um Mi-Au Book todinho inspirado nele. Saiba mais no site
www.miaubookecia.com