domingo, 16 de junho de 2013

BRASIL ENTRA NO MAPA DAS MANIFESTAÇÕES - UM TOUR PELOS TELEJORNAIS




A TV Folha, que vai ao ar pela TV Cultura, fez uma matéria supercompleta entrevistando vários jornalistas e especialistas. Fotos, filmagens e depoimentos não deixaram dúvida dos abusos cometidos pela PM – reforçou a matéria. A jornalista Giuliana, que levou um tiro no olho, contou em detalhes como foi que tudo aconteceu.  Durante a manifestação PMs apontaram a arma para ela diversas vezes, mas ela achou que não chegariam a atirar. No entanto, na Augusta, quando ela estava na frente de um estacionamento e não havia nenhum manifestante na rua, um PM mirou exatamente no rosto dela. Ela disse ainda que toda vez que os jornalistas tentavam se aproximar para documentar as cenas, os PMs tentavam impedi-los usando de violência. 

A TV Folha mostrou várias cenas do transporte coletivo com ônibus absolutamente abarrotados de gente. Se a cidade está repleta de carros e congestionamento é pq as pessoas não se sentem estimuladas  em usar o transporte público. Todo mundo prefere ir para o trabalho com carro. E o programa mostrou ainda um detalhe importantíssimo tb documentado em fotos e filmagens: vários PMs arrancaram de seus coletes a identificação de seus nomes – algo totalmente proibido.  E finalmente, A TV Folha soltou a melhor definição da situação: o Brasil entra para o mapa das manifestações populares.


Apesar da Globo ter sido bastante criticada durante a semana por parecer a favor da violência policial, o Fantástico teve uma postura corretíssima. O programa falou com todas as letras que a PM abusou da violência e a usou, inclusive, contra pessoas que nada tinham a ver com a manifestação e tb jornalistas. A Record evitou criticar a ação policial. Afirmou que houve excessos de ambos os lados. O Programa Legião Estrangeira, com jornalistas de outros países em cobertura no Brasil, exibido pela TV Cultura, mostrou como as manifestações foram vistas pelo resto do mundo. Os jornalistas disseram q, em comparação com outras gdes cidades, o transporte no Brasil é um dos piores.  Enxergaram abusos da PM e concordaram que os 20 centavos serviram apenas de estopim para uma insatisfação muito maior. 

Aliás, vale lembrar que na Turquia o processo começou de forma semelhante ao Brasil. Cerca de 70 manifestantes enfrentaram a polícia pq não queriam a construção de um prédio comercial numa das únicas regiões arborizadas de Estambul. A repressão policial, no entanto, tb causou indignação à população que começou a se unir ao movimento fazendo-o crescer  e se tornar ainda mais violento. Já são duas semanas de combates. Agora o governo já admite suspender a obra e fazer consulta pública, mas os protestos continuam.



Bala de borracha NÃO!!!
A Secretaria de Segurança Pública reconheceu o estrago que as balas de borracha fazem nas pessoas (e, diga-se de passagem, tb nos patrimônios públicos) e disse que os PMs não usarão esse artifício na manifestação de segunda-feira, em SP. Tb vai distribuir coletes à prova de bala para os jornalistas mas... fica a pergunta: se não vai haver bala de borracha, pra que os coletes??? As balas são de fato um exagero. Os PMs já possuem colete, escudo, capacete, cassetete e bombas de gás. Precisa mais??? Usar balas de borracha contra manifestantes é um grande fiasco perante o povo brasileiro e o resto do mundo.

Além disso, as ordens são para que os PMs só reajam em caso de extrema necessidade e contra vandalismo. Por falar nisso, vale esclarecer tb que em toda manifestação há sempre algumas pessoas dispostas a tumultuar, mas que não representam a maioria. Cabe à PM localizar e deter essas pessoas ao invés de atacar todos os manifestantes. Na manifestação de segunda será permitido o uso de vinagre que,  pra quem não sabe, ajuda a cortar o efeito de gás lacrimogênio. Basta cheirar. A trajetória será definida na manhã desta segunda. Finalmente a Segurança Pública quer dialogar mas, como observaram alguns consultores, seria mesmo caso de segurança pública? Faltaram mediadores de conflito em todas as manifestações porque, afinal, tropa de choque não foi criada pra dialogar – afirmaram os especialistas.

COMO SE PROTEGER NA MANIFESTAÇÃO



 

BALANÇO GERAL DOS ÚLTIMOS DIAS E 
O QUE ESPERAR DESSA SEGUNDA-FEIRA

No mundo todo as pessoas estão aprendendo a se defender da repressão nas grandes manifestações com óculos (para ciclismo ou natação) e capacete, além de máscaras contra gases (serve a usada por pintores de parede). É a alternativa que restou para exercer o direito de protestar enfrentando ações violentas por parte da polícia. Aconselha-se usar também bota para proteger pés e tornozelos, roupas grossas, principalmente jaquetas de jeans e de tecidos duros com blusa de gola alta. Evitar bermudas e saias por causa das balas de borracha. Há quem improvise com capacete e óculos usados na construção civil ou de motoqueiros. Máscaras cirúrgicas, dessas que vendem em farmácias ajudam, mas apenas se o gás lançado estiver relativamente distante da pessoa.

                             Equipamento de ciclista vira kit anti-repressão

Durante o final de semana houve manifestações de apoio aos brasileiros em Berlim, Turquia e Irlanda. Advogados se articularam e cerca de 3 mil deles se ofereceram para defender manifestantes presos. A manifestação de segunda-feira em SP, no Largo da Batata às 17h, promete ser o tira-teima de quem está agindo segundo a lei. Os próprios manifestantes vão filmar todas as ações violentas, incluindo de baderneiros cujo objetivo é apenas tumultuar. Espera-se que um batalhão de jornalistas e cinegrafistas tb se unam nessa ação para documentar tudo!!! Cerca de 180 mil pessoas confirmaram presença. Em matéria publicada hoje no Estadão, os manifestantes pedem para não fotografarem o rosto dos estudantes para evitar perseguição. Aconselham ainda a levar roupa extra para o caso de ser atingido por gases. A troca rápida das peças evita maior contaminação. 


                                    Foto: manifestantes da Turquia

Nem parece que estamos falando de 2013, não é mesmo? Mas os números confirmam que com mais de 300 pessoas detidas, a última manifestação foi a que teve mais prisões desde os tempos da ditadura (idos dos anos 60 e 70). Quinze jornalistas ficaram feridos e alguns foram tb presos. Nem mesmo nas guerras civis pelo mundo, com aparato muito mais pesado, não se tem registro de tantos jornalistas feridos num só dia. Aliás, jornais do Exterior noticiaram “clima de guerra” no Brasil.


De todas as manifestações pelo país, apenas uma teve saldo positivo: a de Belo Horizonte, realizada ontem, dia 15. A comandante do policiamento de Belo Horizonte, coronel Cláudia Romualdo, permitiu a passagem dos oito mil manifestantes pelo percurso que eles desejavam fazer e não houve incidentes. Um belo exemplo a ser seguido, mas a própria comandante deve enfrentar problemas por ter agido dessa forma contrariando uma liminar que proibia o trajeto. Em Curitiba tb não houve violência, mas não houve ação policial.

                                         Jovens da Turquia apoiam manifestantes brasileiros

No final de semana, como era de se esperar, todas as revistas semanais deram capa da manifestação de quinta, mas apenas a Isto É foi corajosa a ponto de usar uma foto em que se vê claramente um PM agredindo pessoas na Av Paulista – um casal que estava sentado num bar e nem participava da manifestação. A Veja foi suave no tratamento da matéria... pareceu não estar de lado nenhum da questão... mas por duas vezes ressaltou que o prostesto passa a ser agora pelo direito de protestar e não só pelos 20 centavos na tarifa do ônibus. A Época ouviu os articuladores das manifestações. 

                               Em Berlim 300 pessoas tb prestam apoio às manifestações brasileiras

Algumas matérias trazem o parecer de especialistas em guerrilhas urbanas e sociólogos. O pensamento unânime é de que o que era pra ser uma simples manifestação pelo aumento do ônibus cresceu enormemente com a repressão policial. Outras reivindicações começaram a ser clamadas e mais pessoas devem ir às ruas em todo o Brasil. A partir desse momento, dizem os consultados, a sociedade deve rachar entre os que apoiam a repressão e os que defendem a liberdade de expressão – algo muito perigoso e muito semelhante ao período da ditadura. Tb foram unânimes em dizer que a PM não está preparada para manifestações desse gênero e que os 20 centavos foram apenas a gota d`água de uma sociedade que está cansada de não ter transporte, educação e nem saúde decentes.

Cartaz postado na página do Facebook do Movimento Passe Livre 

Leia  também neste blog outras matérias sobre esse assunto:
http://jornalistafatima.blogspot.com.br/2013/06/pode-ser-gota-dagua.html

 


sexta-feira, 14 de junho de 2013

FRANÇA, ALEMANHA E IRLANDA TAMBÉM PROTESTAM EM APOIO AOS BRASILEIROS

 
E O QUE ERA PARA SER UMA MANIFESTAÇÃO PELO PASSE LIVRE VAI SE ALASTRANDO E TOMANDO OUTRAS PROPORÇÕES À MEDIDA QUE A POPULAÇÃO FICA INDIGNADA COM A REPRESSÃO POLICIAL.

No Exterior, os jornais assinalam que a manifestação pelo transporte público no Brasil apresenta "cenas de guerra". Berlim (Alemanha) e Dublin (Irlanda) fazem seus protestos de apoio aos manifestantes brasileiros dia 16, domingo e na França a mobilização é dia 28. E já tem novo protesto marcado para o dia 17, às 17h, no Largo da Batata, metrô Faria Lima, em SP. Na página do Movimento Passe Livre do facebook há confirmação de 72 mil pessoas. Mas se apenas 20% forem, já são 14 mil pessoas na mira de balas de borracha, bombas de gás lacrimogênio e gás pimenta. Durante o quarto dia de protesto, na última quinta-feira (13), a polícia deteve 242 pessoas e 16 profissionais da imprensa que trabalhavam na cobertura das manifestações ficaram feridos. Dois receberam balas nos olhos e um deles pode perder a visão. A pergunta que fica é: por que os PMs miram no rosto e não no chão?



E já começa a se formar um novo movimento: "Democracia sem Fronteiras" em apoio aos manifestantes brasileiros. Além de Alemanha e França, entram no protesto que está sendo articulado pelo facebook mais dois países: Canadá e Portugal.

O jornalista veterano Ricardo Kotscho postou em seu blog um dos melhores textos sobre o que houve na última manifestação:

"Quem melhor resumiu os acontecimentos da noite de quinta-feira (13), que mais uma vez transformaram o centro de São Paulo numa praça de guerra, foi o prefeito Fernando Haddad:
"Na terça, eu penso que a imagem da violência que ficou foi a da violência dos manifestantes. Infelizmente, hoje, não resta dúvida que a imagem que ficou foi a da violência policial".


E complementa:



"É exatamente o que eu penso que aconteceu, depois de acompanhar por horas ao vivo na televisão esta última manifestação contra o aumento de 20 centavos (de R$ 3 para R$ 3,20) nas passagens dos ônibus da cidade: a PM já chegou chegando, com todo aparato bélico a que tem direito, batendo e atirando para todo lado, disposta a se vingar dos atos de vandalismo e agressões a alguns policiais praticados durante a manifestação da última terça-feira.
O grande problema é que a violência policial não se limitou a conter o protesto dos estudantes, mas atingiu indiscriminadamente a população paulistana que passava elas ruas a caminho de casa ou do trabalho ou tomando sua cervejinha num bar. Na fúria policial deliberadamente desencadeada para mostrar quem manda na cidade, sobrou para todo mundo.
Quando a Tropa de Choque armada até os dentes se perfilou no começo da rua da Consolação, por volta das 7 da noite,  para impedir que os manifestantes seguissem em direção à avenida Paulista, foi a senha para que o caos se instalasse na cidade, atingindo quem estava em carros e ônibus, e espalhando a baderna pelas ruas vizinhas. Estava na cara de ódio dos policiais que eles tinham carta branca para retomar o controle de segurança da cidade a qualquer preço".
Matéria na íntegra http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/2013/06/14/acao-da-pm-foi-de-vinganca-contra-a-populacao/
 
                                            Fotógrafo recebe spray de pimenta enquanto trabalha

PENSE FORA DA CAIXA

Dianna ilustra a expressão “Pensar fora da Caixa” que vem do inglês “Think outside the box” e significa pensar de forma criativa, livre...