Que CHEIRO tem o seu sábado? Eu me identifiquei com esse texto achado na internet de autora desconhecida. Resolvi compartilhar ilustrando com imagens do famoso Sexy and City porque as atrizes estão hoje na faixa dos 50 anos:
Eu sei que
várias mulheres na faixa dos 50 continuam com uma razoável vida social saindo
com amigas nas mesmas condições aos sábados. Não é meu caso e isso não me
incomoda porque na verdade é uma escolha minha. Há tempos meu sofá diante da TV
e um bom filme me atraem mais que passar a noite de sábado numa atividade
coletiva.
Não
significa que não tenho amigas ou que não gosto de vê-las e sair com elas. Às
vezes sim... é muito bom estar com amigas, rir, conversar. Mas não todo sábado.
Isso porque, no meu caso particular, sábado tem um clima e um cheiro diferente
do de reunião com amigas. Sou de uma geração que cresceu escalando o sábado
como o dia “vip” do namoro.
Eu podia ver
o namorado a semana toda, mas o sábado era sempre diferente... tinha um “quê” diferente.
Era o dia de se arrumar pra valer e isso incluía uma bela lingerie. Dia do
cabelo ficar lindo e não apenas apresentável. Dia da maquiagem que eu, meio
preguiçosa pra me pintar, só usava aos sábados. Dia de usar mais perfume ou um
perfume mais marcante. Dia que, logo
cedo, já criava uma expectativa boa para a noite. Dia de... vocês sabem.
Então hoje,
quando faço um tour em algum shopping aos sábados e acabo comprando alguma
bobagem de que não preciso, todas essas lembranças me vêem à mente
naturalmente. E o CHEIRO! Já repararam que sábado tem seu próprio cheiro? E que
seus melhores sábados do passado também têm um cheiro peculiar, único? É uma
lembrança olfativa, mas também de cores e imagens que aparecem e desparecem ao
andar por um shopping num sábado à noite.
Não... não é
exatamente tristeza... talvez nostalgia... e a constatação de que aquela época
de namoros aos sábados passou... de vez. Sabe aqueles abraços e beijos na escada
rolante indo para o cinema... passou. Aquele olhar dentro do carro, depois do
cinema do tipo... “O que vamos fazer agora?”. Bem... nós sabíamos o que vinha
depois e depois...
O sábado era
uma caixinha de surpresa que a gente mesma montava e sabia tudo que tinha
dentro.
E os sábados
tinham a noite começando assim: toda arrumada, perfumada e com brilho nos olhos
na porta de casa esperando o namorado. Podia acabar e começar outro namoro,
depois outro e outro... podia trocar de namorado dezenas de vezes que o sábado
tinha sempre a mesma sequência de cenas e expectativas. E o tal CHEIRO
exclusivo de sábado.
Então agora,
quando caminho sozinha num sábado final de tarde e começo de noite por um
shopping, galeria, Av Paulista ou Rua Augusta... tenho uma sensação de
deslocamento para aquela época que ficou arquivada na memória... aliás, época
não porque na verdade foram várias épocas já que uma mulher que nunca se casou
passou a vida toda namorando, dos 15 aos 45 normalmente... com sorte 50... Várias
fases da vida... mas sempre com o mesmo sábado de cheirinho bom, de friozinho
na barriga, de sensação de pertencer a esse mundo.
A sensação
agora beira a invisibilidade.
Praticamente ninguém me nota, a não ser a
vendedora da loja. Mas já é muito bom, uma benção ainda ter condições de jantar
num shopping aos sábados...
A nostalgia
vai se desfazendo enquanto eu devoro uma macarronada, uma pizza bem calórica,
um doce enorme que eu tinha jurado não comer pq ando com colesterol alto e
beirando a diabetes. Nesse momento gourmet de pura entrega as lembranças
começam a ir embora e então eu me lembro que ainda dá tempo de pegar o
finalzinho da novela das 7 ou das 9... portanto, hora de ir embora.
O caminho de
volta é um pouco irritante. Parece mais longo que na ida... não chega nunca.
Mas quando piso em casa, que alívio. Eu me jogo de braços e pernas abertos na
cama e penso: “Que bom ter uma casa onde se possa chegar”. Que bom ter um sofá
pra abraçar. Um chuveiro quentinho, uma geladeira cheia de coisas que eu nem
deveria comer, mas pelo menos tá cheia... um silêncio nessa bat-caverna que
criei pra mim.
E assim,
depois de uns minutos na cama de casal, porque a maioria das solteiras têm cama
de casal comprada para os tempos em que ainda recebia “visitas”... depois de
uns minutos entregue à delícia do descanso... eu me levanto, vou até a sala e
ligo a TV. Pronto! Agora falta pouco para o sábado chegar ao fim... e para
eliminar de vez o CHEIRO do passado, que sorte a minha, vai passar justamente
um filme de suspense dos bons. Romance não assisto mais... dá preguiça.