A vida dos protetores independentes é dura. Disso
ninguém tem dúvida. Mas a situação pode ser um pouco amenizada e, com sorte,
até mudada, com a criação de ONG com CNPJ. Durante o 2º Encontro Nacional de
Apoio a Protetores de Animais (ENAPA), realizado em SP e patrocinado pela Max Total Alimentos, no dia 6 de outubro,
vários ativistas da causa animal, veterinários e fundadores de ONGs estiveram
falando das vantagens de se formalizar o trabalho do protetor de animais. O
processo de regulamentação leva apenas 15 dias, mas é preciso ter toda uma equipe
de trabalho para registrar a ONG, do presidente ao veterinário (ainda que
voluntário). Com a situação formalizada, pode-se pedir o título de “utilidade
pública estadual” (a federal só é concedida a ONGs dedicadas a humanos) e, com
isso, conseguir isenção do IPTU do imóvel que abriga os animais, bem como da luz
e água (quando não é dada a isenção pode-se obter, pelo menos, um grande abatimento
nessas contas).
Luisa Mell falou sobre a Nota Fiscal Paulista Animal
que também só beneficiará ONGs formalizadas. Ela fez questão de deixar bem
claro que o processo de inscrição é complexo e que, portanto, o mais adequado é
pedir ajuda para alguém da área contábil ou designar um dos voluntários para se
dedicar exclusivamente a esse assunto. Após entrega do formulário, a ONG deverá
receber uma visita para fins de fiscalização e comprovação dos dados enviados.
Se tudo correr bem e a ONG for inclusa no sistema da Nota Fiscal Paulista
Animal, receberá os créditos a cada seis meses: “Portanto a ONG não pode contar
com esse dinheiro para as despesas mensais. Precisa ter outros rendimentos
fixos. Mas estará concorrendo a sorteios de 100 mil reais todos os meses”,
disse. Informações completas estão no site
Mais
dicas para protetores
A veterinária Marina Mello, fundadora da Turma do
Abrigo, de Franca (SP), falou sobre parcerias que podem ser feitas com clínicas
veterinárias. Ela própria escolheu ser veterinária para ajudar animais
carentes: “Costumo dizer que minha clínica tem um setor vip e outro dedicado ao
atendimento do SUS. Desde 2003 já castramos mais de 50 mil animais”. Mariza
Catelli, presidente da Associação Cão Viver (MG), falou sobre a necessidade de
valorizar o adotante documentando a adoção com fotos e compartilhando na rede
social da ONG, bem como acompanhando o processo de adaptação do bichinho no
novo lar e fazendo o tutor sentir-se realmente responsável por ele. Outra ideia
de Mariza é certificar as clínicas que ajudam ONGs. Os clientes se sentem bem
em frequentar uma clínica que tem um papel social (animal). Um certificado
exposto na parede – uma espécie de selo “empresa amiga do animal” – valoriza o
veterinário.
Veterinária Marina Mello
Jorge Pereira, consultor do Centro de Treinamento e
Reabilitação de Cães de Mairiporã (SP), explicou como é fundamental analisar o
perfil do adotante para evitar devoluções dos animais e até ocorrências graves
como ataques de cães que não tinham condições de se adaptar a determinados
estilos de vida. “É essencial fazer uma triagem para saber para qual ambiente e
família aquele animal será destinado. Não se pode doar para uma senhora de 80
anos, uma cachorrinha jovem, cheia de energia, que corre sem parar e quer
brincar o tempo todo. Para pessoas que moram em apartamento e ficam pouco em
casa, talvez a melhor solução seja ter gato e não cachorro”, comentou o
especialista. Ele falou também do projeto Segunda Chance de Cubatão (baixada
santista), em que cães com personalidade difícil (ou pouco compreendidos) estão
sendo trabalhados: “De sete cachorros que eram adotados por mês, com esse
treinamento, passamos a doar 17 por semana”.
Ravena que foi adotada no Projeto Segunda Chance
Marcelo Glauco, especialista em redes sociais, deu
dicas para quem usa as ferramentas digitais (facebook, google, twitter etc).
Ele sugeriu que se evite post com fotos muito chocantes e que sejam utilizados
os 4 “es” para vender a imagem da ONG: emoção, experiência (contando histórias
que encantes dentro de uma trajetória de atuação na causa animal), envolvimento
(buscando motivar a participação, fazer com que as pessoas sintam que vale a
pena ajudar) e exclusividade (algum diferencial no trabalho da entidade). Ele
também aconselhou buscar outras vitrines além do facebook: “O Google Mais (+) é
a rede mais utilizada do mundo, embora ainda não tenha ultrapassado o Face no
Brasil. Convém criar páginas e perfis nessa rede que tem tudo para também
crescer muito por aqui”.
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