Documentário de Werner Herzog em 3D até 16 de maio sempre às 19h, no Cinesesc Rua Augusta, 2015.
EU ASSISTI e é Fantástico esse mergulho no mundo pré-histórico!!!
A Caverna dos Sonhos Esquecidos é um daqueles filmes que ninguém acha que vai dar platéia e, de repente, descobre-se que tem muita gente interessada em pré-história, ainda mais numa narração e perspectiva de Herzog, que deixa o tema ainda mais prazeroso. A Caverna de Chauvet, no sul da França reúne nada mais nada menos que as MAIS ANTIGAS criações pictóricas da humanidade datadas de até 30 mil anos atrás. Uhhh!!! Muito tempo e, mesmo assim, pela emoção passada pelos desenhos temos a impressão que foram feitos ontem. Descoberta apenas em
1994, Chauvet guarda centenas de pinturas rupestres intocadas que
retratam 13 espécies diferentes, incluindo cavalos, bois, leões, ursos, bisões e
rinocerontes. Os animais têm olhares expressivos e traços diversos que imprimem emoções como fúria, medo e companheirismo. O perfeito estado de conservação das pinturas nas pedras foi possível porque a
entrada da caverna esteve bloqueada por deslizamentos de rochas garantindo a
proteção de seu conteúdo.O filme nos leva a uma viagem pelo mundo pré-histórico, na época em que o
homem de neanderthal ainda habitava as cavernas e seu rival, o homo sapiens,
começava a produzir as primeiras ferramentas e armas humanas.
O aspecto mais impressionante dos desenhos é a sensibilidade
artística desses homens pré-históricos para inserir movimento e emoção nas
figuras produzidas, muitas vezes, em tamanho original. Quase todos os animais
possuem olhares e expressões faciais que indicam medo, fúria e outros sentimentos
em situações diversas: disputa, acasalamento, fuga...São diversas ossadas,
especialmente de ursos e uma espécie de altar com a cabeça de um desses animais
indicando que o homem primitivo já tinha senso religioso. Curiosamente, nenhum
esqueleto humano foi encontrado. Pode significar que os humanos frequentavam o
lugar, mas não moravam nele.
Há uma pegada de criança ao lado
da de um lobo. Herzog indaga: “Teriam sido amigos ou o lobo o teria arrastado
pra lá como presa?”. Há também um mural com várias mãos carimbadas em vermelho.
A análise provou que são todas da mesma pessoa e que ela tinha cerca de 1,80 m, um dedo torto e percorreu a caverna em
toda a sua extensão. Além da estonteante beleza do lugar, o efeito 3D nos dá a
sensação de estarmos de fato caminhando por dentro da caverna para ver as
pinturas em detalhes.
Professor da USP foi um dos primeios a visitar o local
O professor do Museu Nacional de História Natural, Denis Vialou, esteve na Caverna em 1994, antes mesmo da equipe de filmagem de Herzog ter permissão para documentar o grande tesouro da humanidade. Ele diz que a arte rupreste está espalhada por todo o globo e que muitas das pinturas transmitem o conceito de "fluidez" do período paleolítico, isto é, homens podiam virar animais e animais virar homens resultando em muitas formas anbíguas: homens com cabeça de leão etc. Ele explica também que em cada localidade as pinturas se referem mais aos símbolos dominantes daquela cultura. Assim, há grutas onde os mamutes predominam nas pinturas... em outras são os leões, que é o caso de Chauvet.
NEANDERTHAL:
Esse homem robusto, de nariz curto,
que pesava por volta de 80 kg e tinha uma altura média de 1,60m esteve na
Europa e Oriente Médio no período conhecido como Pleistoceno – quando havia
muitas geleiras... era realmente muito frio. Muitos achavam que ele teria sido
o antecessor do Homo sapiens mas, na verdade, os dois coexistiram e podem ter
disputados os mesmos espaços. Neander tinha dedos e caixa toráxica
volumosos, com coxas robustas e arqueadas. Sua alimentação era formada 85% de
caça e ele se cobria com a pele dos animais que matava (muitas vezes enfrentando-os de peito aberto - de igual para igual). Enquanto isso, o Homo
sapiens já fabricava armas e ferramentas. O professor Vialou conta que o Neanderthal e o Sapiens viveram no mesmo espaço durante 3 a 5 mil anos. O Sapiens criou a arte figurativa, enquanto que o Neanderthal criou o simbolismo e enterrava seus mortos com adornos. Existe uma corrente que diz que o Neanderthal foi extinto, mas recentes pesquisas apontam que os dois podem ter trocado conhecimento e até genes por meio da reprodução. Vialou diz que, de qualquer forma, o cérebro do Sapiens era mais moderno e sua herança genética se firmou nas gerações humanas futuras.
Para saber mais: Livros Arte Rupestre na Amazônia e Arte Rupestre em Monte Alegre de Edite Pereira, que atua no Museu Emílio Goeldi - achados interessantísimos com rostos sorrindo, chorando e demonstrando outras emoções
CURIOSIDADE
Ian Curtis se enforcou assistindo
Herzog
Werner Herzog é diretor de
clássicos como “Aguirre – A Cólera dos Deuses”, “O Enigma de Kaspar House”, “FitzCarraldo”,
“Meu Inimigo Íntimo” e também “O Sobrevivente” e “Vício Frenético”. No entanto,
um de seus filmes, datado de 1977 e chamado “Stroszek” teria sido a última
coisa que o cantor Ian Curtis, da banda Joy Division, viu antes de se enforcar em
1980, aos 24 anos de idade. O filme tem como protagonista um jovem que sai de um manicômio judicial em busca de uma vida mais normal, mas não consegue se livrar da sensação de perda, de ausência, de estar em tempo e local errados. Na época Curtis vivia um conturbado divórcio com a
ex-esposa e estava se relacionando com uma jornalista. Mas a razão de sua morte prematura pode ser bem mais antiga. Desde
sempre sua postura já indicava o de uma pessoa que não se sentia muito confortável nesse
mundo. Ele se enforcou na cozinha usando uma corda que sustentava o varal de
roupas. Dizem que ele ouvia o disco The Idiot de Iggy Pop na ocasião. Curtis sofria de epilepsia e quando dançava usava movimentos que lembravam um ataque epilético. Os rtemanescentes da banda formaram o New Order.
CAVERNA DOS SONHOS ESQUECIDOS
(Cave of Forgotten Dreams) França, Canadá, Estados
Unidos, Reino Unido, Alemanha, 2010, 90 min. Livre. Documentário
Direção: Werner
Herzog.
APENAS NO CINESESC (Rua Augusta, 2015 –
SP) pertinho da Av Paulista