Embora à
primeira vista “Vidro”, em cartaz nos cinemas, pareça apenas mais um filme sobre
super-heróis e super-vilões, na verdade ele questiona o poder que temos
escondido no subsolo de nossa alma. Imagine que a alma é como um edifício. Nos
andares superiores (e também mais caros) está tudo aquilo que fazemos de melhor
e queremos mostrar ao mundo. À medida que vamos descendo os andares vão
surgindo os nossos defeitos, preconceitos, intolerâncias e medos. Mas é lá embaixo,
no subsolo da alma, que está a grande força motriz mantenedora de todo o
edifício... uma força que pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal em
proporções inimagináveis. É disso que trata o filme “Vidro”.
Escrito,
co-produzido e dirigido por M. Night Shyamalan, “Vidro” encerra uma trilogia do autor e reúne na trama os protagonistas dos filmes “Corpo Fechado” (Bruce Willis e Samuel Jackson) e
“Fragmentado” (com James McAvoy - o professor Xavier da série X-Men no papel de quando era
jovem). Essa captura de personagens tão complexos e interessantes já vale ver o
filme, mas ajuda a compreender melhor ver antes as histórias anteriores. Em “Corpo
Fechado”, por exemplo, o vilão (Jackson), embora com uma mente brilhante capaz de planejamentos
sofisticados, sofre da doença conhecida como “ossos de vidro”. Já o herói do
filme (Willis) “sente” a intenção das más pessoas quando esbarra seu corpo nelas.
No caso do “Fragmentado”
é especialmente importante ver para entender que o personagem Kevin (McAvoy) é um
psicopata com múltiplas personalidades. A psiquiatria já levantou 23
possíveis identidades para quem tem esse distúrbio, mas Kevin desenvolveu uma
24ª conhecida como “A Fera” e isso tudo não fica muito claro em “Vidro”. A
única sobrevivente do psicopata também foi escalada para o filme – outra razão
para saber qual a importância dela na última trama da trilogia.
Os
super-herói, o super-vilão e o psicopata (tb com poderes supranaturais) presos
em uma clínica psiquiátrica mantêm o filme instigante. O psicopata merecia o
Oscar já desde “Fragmentado” por mudar de personalidade em frações de segundos.
Excelente interpretação. Curiosamente, o ator que interpreta o filho de Bruce
Willis em “Corpo Fechado” ressurge no mesmo papel (agora como adulto). A trilha
sonora é perfeita e o final, sem dúvida, uma surpresa, porque foge do que
costumamos ver em filmes de super-heróis.
No ar fica a pergunta: será que
pessoas com superpoderes existem de verdade? E se existem, será que algumas
delas nem têm ciência disso? Daí vamos para o início do texto: já vasculhou o
subsolo de sua alma? Quem sabe vc tem lá
adormecido um super-vilão ou um super-herói.
Trailler: