O cachorro Treo serviu no Afeganistão, já se aposentou e vive hj como bicho de estimação
Uma breve reflexão sobre a GUERRA
A luta provavelmente está no DNA dos animais, incluindo o
homem. Desde sempre lutou-se por comida, abrigo, território, fêmeas, poder... Isso
vem desde o tempo das cavernas... talvez até antes. Mesmo dentro do corpo da mãe, os espermatozoides
lutam para sobreviver. Então existe “luta” mesmo antes da “vida” florescer. Mas
o natural seria que a evolução nos afastasse das guerras e passássemos a vê-las
como métodos antigos de conquistas diversas. Ocorre que, ao contrário, as
guerras não desapareceram, apenas se sofisticaram. Do combate com paus e pedras
passamos a usar arcos, lanças, espadas, armas de fogo, bombas e foguetes. Por que?
Outra noite vi de relance o capítulo de uma novela em que um
jovem militar está mega-entusiasmado com um treinamento com equipamentos de
guerra: canhões e artilharia pesada. Ele telefona para o amigo e eufórico diz
que “é pura adrenalina”. A cena me chamou a atenção pq fiquei pensando: “Não
deve ter graça ficar lançando bomba de canhão como se fosse bomba em noite de
São João, então a adrenalina deve ser acertar um alvo que, normalmente, é um exército formado por pessoas que nenhum
mal fizeram àquele militar. Claro que no treinamento não há alvos vivos, mas um
dia pode ter e creio que então a adrenalina aumenta”. Por que?
Nesse momento, no mundo todo, deve ter muita, mas muita
gente se perguntando por que as guerras ainda existem. A adrenalina em ferir,
mutilar e matar o outro não é compreendida por muitas pessoas, mas mesmo assim
as guerras persistem e causam cada vez mais danos, a quem é contra e tb a quem
é a favor. Quando eu era pré-adolescente, por volta dos 10, 11 anos, participei
de um concurso da Globo que pedia para as crianças darem soluções para a
guerra. Escrevi que uma medida simples e sem grande derramamento de sangue
seria retornar aos antigos “duelos”. Ao invés de colocar dois exércitos em
combate, gastar dinheiro e sacrificar muitas vidas, apenas dois lutadores no
ringue: os respectivos presidentes dos países em conflito. Quem assumisse a
presidência assumiria tb esse compromisso de defender “sozinho” o país numa luta de igual para igual, com ou sem
armas, ao gosto dos fregueses.
Pode parecer ingênuo... bem, eu era uma menina cheia de
sonhos que incluíam o fim da violência... mas hoje, analisando aquela solução
que ficou entre as vencedoras do concurso, até que não me parece assim tão boba. Dá até para sofisticar um pouco mais
a ideia: ao invés dos presidentes, as nações poderiam colocar em combate
um homem que tenha sido treinado, por livre e espontânea vontade, para
enfrentar um inimigo. Uma arena, dois homens fortes e nenhum massacre. E eu
acho que serviço militar não podia ser obrigatório. Nem todo mundo quer “matar”, ainda mais
levando-se em conta que o soldado do exército oposto não é exatamente um
inimigo. É outro rapaz, com uma família, namorada, cachorro, gato... e alguns
sonhos. Como alguém pode ter “prazer” em matar um jovem que é uma pessoa comum,
que talvez nunca tenha feito mal a ninguém?
Ao meu ver, a questão da guerra é uma questão
evolucionista... não na tecnologia, mas no avanço para uma consciência mais
ampla e sábia. O vegetarianismo segue o mesmo destino. O normal é que as
pessoas deixassem cada vez mais de comer carne já que não precisam mais dela.
Mas ocorreu o contrário: o consumo de carne aumentou ao passar dos séculos e os métodos para matar
os animais se sofisticaram. Não lembra o processo da guerra?
Dizem que a Terra está num forte momento de transição. É uma
espécie de guerra invisível, imperceptível, entre consciências que querem
avançar e outras que se apegam a costumes e barbáries do passado. Só tem um
jeito do consumo de carne terminar: é as pessoas perderem o interesse de comer
carne. Sem ter quem coma, não haverá quem mate. Reparem que nos filmes
futurísticos, escritos por escritores visionários, nunca existem refeições e
muito menos com carne. A alimentação do futuro não inclui matadouros de nenhuma espécie. Mesma coisa para a guerra. Só termina se as pessoas se
recusarem a ir para os campos de batalha mas daí... como tb vemos nos filmes,
montam-se exércitos de robôs. Será que a guerra tem chance de acabar? Ou será
impossível extrair do DNA humano o desejo de matar?
Reflexões de Fátima ChuEcco
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