sexta-feira, 22 de dezembro de 2017
Unicamp se compromete a conhecer métodos de ensino que não utilizam cobaias
Na Unicamp,
por exemplo, os alunos de Medicina ainda treinam em porcos e coelhos
procedimentos de drenagem de tórax, suturas de alças intestinais, abordagem de
órgãos retroperitoniais para contenção de sangramentos e janela cardíaca para
controle de ferimentos graves.
Os deputados
da CPI de Maus-Tratos Contra Animais da Assembleia Legislativa de SP ouviram
hoje o professor Wagner Fávaro, do Instituto de Biologia da Unicamp, convocado
para falar sobre o uso de animais naquela instituição que, junto com a USP e a
Unesp, entregaram ofício ao governador alegando que não existem métodos
substitutivos para todos os procedimentos usados no ensino.
O deputado
estadual Feliciano Filho considerou a reunião bastante produtiva: “O professor
respondeu todos os nossos questionamentos e explicou que a Unicamp ainda mantém
quatro procedimentos feitos com animais no ensino da Medicina. No entanto, a
professora Odete Miranda, também
presente à reunião, demonstrou que a Faculdade de Medicina do ABC, onde ela
atua, já usa cadáveres eticamente
adquiridos para todos os procedimentos apontados pela Unicamp”.
Segundo o
deputado, o professor Fávaro se mostrou propenso a conhecer novos métodos de
ensino que poupam a vida de milhares de cobaias. Na Unicamp, por exemplo, os
alunos de Medicina ainda treinam em porcos e coelhos procedimentos de drenagem
de tórax, suturas de alças intestinais, abordagem de órgãos retroperitoniais
para contenção de sangramentos e janela cardíaca para controle de ferimentos
graves.
“Os
cadáveres de animais adquiridos de hospitais veterinários dão conta de todos
esses processos. A professora Júlia Matera, da USP, inclusive, aprimorou essa
técnica e os cadáveres podem sangrar e duram até seis meses. Outra vantagem é
que os alunos podem treinar também fora da aula e não sofrem dissensibilização
ao assistirem tantos animais sendo arrastados para as aulas práticas. Os
animais sabem que vão morrer”, explica a professora.
Diante da
exposição da professora Odete, que é também cardiologista, Fávaro disse que
pretende ir à Faculdade de Medicina do ABC para conhecer a técnica com
cadáveres. O professor disse ainda que nenhum outro curso da Unicamp utiliza
cobaias e que o biotério da faculdade cria ratos e camundongos destinados
apenas para a pesquisa.
Feliciano
Filho ressaltou que os deputados da CPI ouvirão técnicos e formularão relatório
a ser encaminhado ao Ministério Público: “Havendo método substitutivo, segundo
a Lei 9.605, o uso de animais no ensino é crime. Por isso, peço humildade as
maiores universidades de SP para que aceitem que podem melhorar seu ensino sem
o uso de cobaias e aceitem a transição para um aprendizado muito mais eficiente
e sem sofrimento”.
Além da
Unicamp, a CPI de Maus-Tratos Contra Animais já ouviu também a USP. A
convocação da Unesp, na data de ontem, não foi proveitosa porque o professor
escolhido para representar a instituição alegou não ter conhecimento técnico
para falar de métodos substitutivos no ensino. Os deputados pretendem convocar
o reitor da Unesp para uma próxima reunião ainda sem data marcada. Outro tema
da CPI é a caça ao javali, cuja investigação continua em andamento.
domingo, 3 de dezembro de 2017
Ativistas lotam CPI de Maus-Tratos que tratou do uso de cobaias no ensino
Com o auditório Teotônio Vilela lotado de protetores, ativistas e alguns ícones da da causa animal como Nina Rosa, a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) de Maus-Tratos contra Animais da Alesp – Assembleia Legislativa de SP ouviu no dia 28 de novembro o diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, José Antonio Visintin, sobre o uso de animais na universidade.
A convocação se deu por conta de um RI-Requerimento de Informação enviado à USP pelo presidente da CPI, o deputado estadual Feliciano Filho (PSC), solicitando relação dos animais mantidos pela instituição e dos procedimentos neles realizados dentro do campo do ensino.
A resposta evasiva, assinada pelo diretor Visintin, mencionava pouco mais de 10 mil animais, mas não descrevia os procedimentos aos quais os mesmos eram submetidos. A USP possui biotério para pesquisa, mas não pode utilizar cobaias no ensino, pois, segundo a Lei federal 9.605, havendo métodos substitutivos, é crime o uso de animais mesmo que para fins didáticos.
Já existem modelos anatômicos e simuladores de bovinos, equinos e outros animais. Tem até simulador de parto (foto)
Interrogado pelos deputados, Visintin afirmou que na faculdade de Veterinária e Zootecnia da USP, não se comete nenhum abuso contra animais e que os alunos aprendem com pacientes reais do hospital veterinário, mas que há pelo menos dois procedimentos, a inseminação artificial e a transferência de embriões, que não podem ser realizados sem o modelo do animal vivo. Disse também que cada vaca da fazenda onde os alunos de zootecnia recebem aulas práticas, pode ser palpada por três estudantes em média. A plateia reagiu com vaias diante dessa e de outras revelações do diretor da USP.
Para o toque retal, em que um braço humano inteiro é introduzido na vaca, já existem métodos substitutivos há muito tempo. A inseminação artificial e a manipulação de embriões também podem ser treinadas em modelos sintéticos antes de se realizar o procedimento num animal que de fato precisará passar por isso. Os aparatos substitutivos foram mostrados e explicados pelo biólogo Sérgio Greif que é um pesquisador dessa área.
Leia mais em
https://www.anda.jor.br/2017/11/ativistas-ouvem-diretor-de-veterinaria-da-usp-na-cpi-de-maus-tratos-contra-animais-de-sp/sábado, 2 de dezembro de 2017
A frágil vida de cães e gatos num país contraditório
Animais mortos em câmaras de gás e com injeção letal. Século
XXI - mas nem parece. Nos EUA, um país do primeiro mundo e um dos mais ricos do
planeta – mas nem parece. Segundo dados de 2016, cerca de 2,7 milhões de cães e
3,2 milhões de gatos são ainda mortos porque os abrigos (municipais e de
entidades) estão muito cheios. A captura e entrega espontânea desses animais
por parte de seus próprios tutores é grande, mas a adoção é pequena.
Cerca de 56% dos cães e 71% dos gatos que entram em abrigos
de animais dos EUA são induzidos à morte mesmo estando plenamente saudáveis. Filhotes
de todas as raças, com toda uma vida pela frente, não escapam do corredor da
morte. Geralmente são cachorrinhos comprados para presentear crianças e que, quando começam a sujar ou bagunçar a casa, são entregues nos canis. A matança de gatos é maior porque a maioria deles chega aos abrigos sem
qualquer identificação, impossibilitando a devolução ao tutor, caso esteja
apenas perdido e não abandonado.
Os gritos dos cachorros arrastados até a morte podem ser
ouvidos em toda a vizinhança. Eles percebem que irão morrer e lutam o máximo
que podem contra a crueldade legalizada e que, estranhamente, persiste num país
tão desenvolvido economicamente. Alguns desses animais têm convulsão provocada
pelo medo. Vários choram como crianças e a maioria tem diarreia ou urina
durante o percurso até a sala da morte.
Os corpos são colocados em sacos de lixo – o mesmo
tratamento dado a qualquer material descartável. Se havia vida, esperança e amor
dentro de cada um daqueles corpinhos pouco importa. Agora são apenas pacotes para o caminhão de lixo levar embora.
E a pergunta que fica é: como pode um país onde existem
duras penas para quem maltrata animais, matar milhares deles todos os dias? Até
mesmo o FBI investiga e monitora matadores de animais porque, segundo
estatísticas, mais de 80% dos psicopatas começa a carreira torturando e
matando animais. Como pode esse mesmo país que, de forma correta e justa, coloca na cadeia quem espanca um
cãozinho, induzir diariamente milhares de vidas à morte e ainda por cima com
arcaicas câmaras de gás? As injeções letais são usadas em algumas cidades, mas
muitos canis, principalmente de zonas mais rurais, ainda usam o gás.
Vários grupos tentam salvar os animais nos EUA levando-os de um abrigo a outro para evitar que sejam mortos e em algumas grandes cidades essa prática cruel já foi abolida mas, mesmo assim, o país executa sumariamente 4 milhões de cães e gatos todos os anos sendo 25% deles de raça (conforme diz o cartaz acima).
Quatro milhões de animais tem seu direito à vida confiscado todos os anos num país que, contraditoriamente, não deixa impune pessoas que maltratam animais. Infelizmente, essa situação não é só nos EUA. Na Europa e em quase todo o mundo a população e os governantes ainda não se
mexeram o suficiente para acabar com essa covardia, com essa atrocidade que ainda
segue os padrões de extermínio aplicados pelo Nazismo.
Obs.: As fotos são de canis dos EUA
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