Atenção: SP pode estar bem perto do fim de uma das maiores atrocidades contra os animais: a vivissecção no ensino, ou seja, em salas de aula (não na pesquisa). Essa pode ser a última chance de cães, gatos, porcos, coelhos, ratos e outros animais serem libertados das torturas em diversas universidades.
Por isso, protetores, ativistas, professores, estudantes e amantes dos animais em geral precisam comparecer em peso na próxima reunião da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) de Maus-tratos Contra Animais da Assembleia Legislativa do Estado de SP (ALESP) dia 28 de novembro, às 14h, no auditório Teotônio Vilela (1º andar), Av Pedro Álvares Cabral, 201no Parque Ibirapuera.
A pressão social tem se mostrado extremamente importante em questões como essa e no dia 28, em que os deputados estarão ouvindo professores contrários e a favor ao uso de cobaias no ensino, a causa animal precisa demonstrar sua força. Os animais precisam estar representados pela sociedade no dia 28.
A CPI convocou para essa data o diretor da Faculdade de Veterinária da USP, Prof. Dr. José Antonio Visintin, para responder perguntas sobre a utilização de animais no ensino na condição de cobaias, já que o aprendizado mediante pacientes reais é uma prática ética e já usada por muitas universidades no Brasil e no resto do mundo.
Segundo o deputado Feliciano Filho, presidente da CPI, a USP tem se recusado a explicar se realiza ou não práticas proibidas pela lei de crimes ambientais e já estaria até sendo investigada pelo Ministério Público. “Fiz dois Requerimentos de Informação à USP, solicitando a descrição dos procedimentos que utilizam cobaias e quais deles não possuem métodos substitutivos – pois a legislação veda o uso de animais se houver substituição. Um foi respondido superficialmente e o outro, ratificando o pedido, foi simplesmente ignorado”.
No mesmo requerimento, mais seis profissionais – médicas, veterinárias, biólogo e promotora de Justiça – foram convidados para comparecer à CPI no dia 28 e oferecer suporte ao questionamento. Os professores contarão suas próprias experiências no ensino sem o uso de cobaias.
“Não vamos desistir de salvar esses animais que tanto sofrem nas universidades. Eles passam os dias, às vezes semanas ou meses, olhando para paredes brancas e, quando um ser humano se aproxima deles, não é para dar carinho e algum conforto, mas para causar dor por meio de algum procedimento em sala de aula totalmente ultrapassado”.
Importante ressaltar que, embora a Lei Anticobaias no ensino tenha sido vetada recentemente pelo governador de SP, a CPI dos Maus-Tratos pode inverter essa situação e ajudar a libertar milhares de vidas. Mas é a sociedade que tem o maior poder de fazer esse sonho se tornar realidade.
Esse cão foi cobaia em uma universidade de Santa Maria (RS) em 2012. Junto com outros 12 cães teve suas mandíbulas quebradas
Panorama mundial e brasileiro
Várias universidades no Brasil já deixaram de usar cobaias no ensino como a Faculdade de Medicina do ABC, FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), Anhembi-Morumbi, FAM (Faculdade das Américas), Universidade de Guarulhos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal do Tocantins, Faculdade
Metropolitana de Manaus e Universidade Federal de Pernambuco.
Metropolitana de Manaus e Universidade Federal de Pernambuco.
Segundo o Comitê de Médicos para a Medicina Responsável (com sede em Washington e 12 mil médicos associados em todo o mundo), das 202 faculdades médicas existentes nos EUA e Canadá, mais nenhuma usa cobaias em aulas práticas desde 2016. No QS World University Rankings 2016-2017, que mede anualmente a qualidade do ensino universitário no mundo, as três primeiras colocações são MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), Stanford e Harvard – universidades americanas que não fazem uso de cobaias em seus cursos de Medicina.
Site reúne tudo sobre animais no ensino
Para quem deseja se aprofundar no assunto, o site www.animaisnoensino.com.br reúne reportagens, vídeos e depoimentos sobre tudo o que existe de mais moderno para substituir o uso de cobaias em cursos de Medicina, Veterinária, Biologia, Farmacologia e muitos outros. É uma ferramenta crucial para professores e alunos que desejam um ensino mais ético e eficiente, além de alinhado as tendências do século XXI.
Outros temas serão debatidos pela CPI, que é a primeira instituída na Alesp de SP, como a caça aos javalis, a matança de capivaras em condomínios e maus-tratos de animais em zoológicos e exibições. A CPI é composta por nove deputados: Célia Leão (PSDB), Ana do Carmo (PT), Caio França (PSB), Feliciano Filho (PSC), Gil Lancaster (DEM), Léo Oliveira (PMDB), Pedro Kaká (PODE), Roberto Tripoli (PV) e Wellington Moura (PRB).