Como assim? – alguns podem estar se perguntando. E isso é
bem normal já que cada vez que falo dos meus sonhos que antecipam o futuro
parece que estou falando em aramaico para algumas pessoas. Alguns acham fruto
da minha imaginação. Outros dão risada (acham impossível) e uns poucos, com
vivências semelhantes as minhas, se interessam pelo assunto e estão dispostos a
refletir.
Pois a matéria de capa da brilhante revista “Mente Cérebro”
trata justamente disso, de sonhos que podem nos avisar sobre situações de
perigo ou nos mostrar os melhores caminhos na vida profissional e pessoal. A
matéria é assinada por Sidarta Ribeiro, neurobiólogo e diretor do Instituto do
Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E ele resgata os sonhos
de nossos ancestrais para provar que podem sim prever o futuro e, dessa forma,
sempre funcionaram como uma espécie de defesa do organismo.

A matéria me surpreendeu porque até então tenho lido outros
artigos que tratam a capacidade de prever o futuro por meio dos sonhos como uma
mutação, ou seja, algo “novo” na nossa espécie e que vem sendo desenvolvido e
passado lentamente de geração a geração como uma ferramenta adicional de
“autodefesa”. É também uma hipótese interessante, mas diante de tantos exemplos
citados por Sidarta na matéria, que revelam o quanto prever o futuro foi sempre
muito comum desde a nossa existência na Terra, a impressão que prevalece é a de
que estamos apenas começando a reativar uma capacidade que já nos pertence há
milênios.
Vejam que
interessante. Pensem sobre isso:
Sabe a arte rupestre, feita nas cavernas? Muitas revelam
espaçonaves. Nossa primeira conclusão foi de que aquele “povo” ou veio de
“fora” do planeta ou teve contato com extraterrestres. Mas e se aquelas imagens
representavam apenas sonhos? Talvez o homem das cavernas estivesse apenas
desenhando seus sonhos de teor futurístico, ou seja, exprimindo sua capacidade
de prever o futuro por meio dos sonhos. Bacana pensar sob essa outra ótica, não
é mesmo?

De forma ilustrativa posso mencionar alguns sonhos
futurísticos que já tive (na verdade tenho com bastante frequência). Em alguns
vejo animais híbridos, isto é, peixes com penas, pássaros com pelos, mamíferos
com escamas... animais que não temos na Terra (pelo menos não no tempo atual),
com exceção do ornitorrinco que é totalmente fora do padrão de tudo. Já sonhei
que a Terra estava com rachaduras na atmosfera por onde entravam raios solares
letais obrigando as pessoas a deixarem o planeta, porém, a passagem para o “novo mundo” era cara e a maioria tinha que
ficar por aqui aguardando o fim.
Já sonhei também com “estações de cura”. Eram plataformas
sobre águas cristalinas onde os doentes tinham que deixar os pés imersos por
algum tempo. Ao anoitecer as comportas se fechavam porque a estação ficava
inundada podendo ser aberta somente no dia seguinte. Sonhei com insetos
mecânicos que não eram visíveis a olho nu (não para nós, humanos) e que
retiravam amostras de sangue dos nossos braços para análise. Eram como
pernilongos mecânicos, mas que não conseguíamos ver. Também já sonhei que
estava sentada diante de um computador, com fios presos nos meus braços. Na
tela passando meus pensamentos, memórias (tudo!) como se eu fosse um pen drive
“vivo” sendo descarregado no computador.
Antecipar nosso
futuro individual é possível?
Na matéria da Mente Cérebro, sim, sem nenhuma dúvida sonhos
antecipam o futuro. Estranho é porque a
maioria não faz isso. Por que será que os sonhos foram, com o passar dos anos,
sendo tão desprezados pelas pessoas? Sidarta explica que, provavelmente, é
porque temos uma vida muito mais fácil e cômoda. Os sonhos, antigamente, eram
de grande valia para humanos que tinham que lutar pela sobrevivência (pela
comida, pelo abrigo) o tempo todo... e jamais descansavam totalmente já que
viviam em meio a muitos predadores. Assim, os sonhos foram sendo deixados de
lado. Viraram “fantasia” e a maioria das pessoas se refere a eles como “sem pé
nem cabeça”, não perdendo um minuto sequer para avaliar se no sonho não
continha uma mensagem importante, transmitida por meio de símbolos.

Muitas coisas que aconteceram na minha vida, boas e más,
estiveram dias antes, às vezes horas antes, acontecendo nos meus sonhos. E eu
lembro de tudo. São sonhos com cores, cheiros, texturas, sensações diversas e
muito marcantes. Acredito ter uma vida paralela. Ou talvez, como dizem os
aborígenes australianos, real não é esta vida, mas a que sonhamos. Um dos
sonhos mais impressionantes que tive foi de uma estrada onde aconteceria um
assassinato. Vi o nome e Km da estrada. Busquei na Internet, localizei a
cidade. Liguei para o jornal local contando meu sonho, certa de que seria
tratada como “louca”. Então me disseram que havia acontecido um assassinato
exatamente naquele ponto dois dias antes.
Quanto o recente desaparecimento do avião do qual não foi
encontrado nenhum vestígio, sonhei naquela semana, com pessoas amparadas por
algumas rochas num mar aberto. Elas estavam dentro de uma espécie de caverna
formada pelas rochas, mas só havia água ao redor. Pareciam sobreviventes de um
avião aguardando resgate, mas o lugar era muito difícil de ser avistado. Na
mesma semana sonhei com lugares que nunca tinha ouvido falar: Ilha de Cristal e
Ilhas de Corner. Estariam os sobreviventes próximos dessas ilhas ou até mesmo
nelas?

Bom... é muito assunto... e só queria mesmo é indicar essa
matéria da Mente Cérebro para quem se interessa por esse assunto ignorado até
mesmo por muitos cientistas. Uma pena,
viu? Porque nos sonhos a gente poderia encontrar respostas para muitas coisas e
em todas as áreas da vida. Recomendo ainda o filme “A Origem”, com Leonardo Dicaprio
e que já foi objeto de outro post nesse blog. O filme mostra sonhos
compartilhados, em camadas e também invasão de sonhos alheios. Um universo
fantástico!