A TV Folha, que vai ao ar pela TV Cultura, fez uma matéria
supercompleta entrevistando vários jornalistas e especialistas. Fotos,
filmagens e depoimentos não deixaram dúvida dos abusos cometidos pela PM – reforçou
a matéria. A jornalista Giuliana, que levou um tiro no olho, contou em detalhes
como foi que tudo aconteceu. Durante a
manifestação PMs apontaram a arma para ela diversas vezes, mas ela achou que
não chegariam a atirar. No entanto, na Augusta, quando ela estava na frente de
um estacionamento e não havia nenhum manifestante na rua, um PM mirou exatamente
no rosto dela. Ela disse ainda que toda vez que os jornalistas tentavam se
aproximar para documentar as cenas, os PMs tentavam impedi-los usando de
violência.
A TV Folha mostrou várias cenas do transporte coletivo com
ônibus absolutamente abarrotados de gente. Se a cidade está repleta de carros e
congestionamento é pq as pessoas não se sentem estimuladas em usar o transporte público. Todo mundo
prefere ir para o trabalho com carro. E o programa mostrou ainda um detalhe
importantíssimo tb documentado em fotos e filmagens: vários PMs arrancaram de
seus coletes a identificação de seus nomes – algo totalmente proibido. E finalmente, A TV Folha soltou a melhor
definição da situação: o Brasil entra para o mapa das manifestações populares.
Apesar da Globo ter sido bastante criticada durante a semana
por parecer a favor da violência policial, o Fantástico teve uma postura
corretíssima. O programa falou com todas as letras que a PM abusou da violência
e a usou, inclusive, contra pessoas que nada tinham a ver com a manifestação e
tb jornalistas. A Record evitou criticar a ação policial. Afirmou que houve
excessos de ambos os lados. O Programa Legião Estrangeira, com jornalistas de
outros países em cobertura no Brasil, exibido pela TV Cultura, mostrou como as
manifestações foram vistas pelo resto do mundo. Os jornalistas disseram q, em
comparação com outras gdes cidades, o transporte no Brasil é um dos piores. Enxergaram abusos da PM e concordaram que os
20 centavos serviram apenas de estopim para uma insatisfação muito maior.
Aliás, vale lembrar que na Turquia o processo começou de
forma semelhante ao Brasil. Cerca de 70 manifestantes enfrentaram a polícia pq
não queriam a construção de um prédio comercial numa das únicas regiões arborizadas
de Estambul. A repressão policial, no entanto, tb causou indignação à população
que começou a se unir ao movimento fazendo-o crescer e se tornar ainda mais violento. Já são duas
semanas de combates. Agora o governo já admite suspender a obra e fazer
consulta pública, mas os protestos continuam.
Bala de borracha NÃO!!!
A Secretaria de Segurança Pública reconheceu o estrago que
as balas de borracha fazem nas pessoas (e, diga-se de passagem, tb nos
patrimônios públicos) e disse que os PMs não usarão esse artifício na
manifestação de segunda-feira, em SP. Tb vai distribuir coletes à prova de bala
para os jornalistas mas... fica a pergunta: se não vai haver bala de borracha,
pra que os coletes??? As balas são de fato um exagero. Os PMs já possuem
colete, escudo, capacete, cassetete e bombas de gás. Precisa mais??? Usar balas
de borracha contra manifestantes é um grande fiasco perante o povo brasileiro e
o resto do mundo.
Além disso, as ordens são para que os PMs só reajam em caso
de extrema necessidade e contra vandalismo. Por falar nisso, vale esclarecer tb
que em toda manifestação há sempre algumas pessoas dispostas a tumultuar, mas
que não representam a maioria. Cabe à PM localizar e deter essas pessoas ao
invés de atacar todos os manifestantes. Na manifestação de segunda será permitido
o uso de vinagre que, pra quem não sabe,
ajuda a cortar o efeito de gás lacrimogênio. Basta cheirar. A trajetória será
definida na manhã desta segunda. Finalmente a Segurança Pública quer dialogar
mas, como observaram alguns consultores, seria mesmo caso de segurança pública?
Faltaram mediadores de conflito em todas as manifestações porque, afinal, tropa
de choque não foi criada pra dialogar – afirmaram os especialistas.