Documentário produzido
por Leonardo Di Caprio concorre ao Oscar no dia 22 de fevereiro
Filmado na República
Democrática do Congo, “Virunga” não tem atores, mas os próprios ambientalistas
e guardas florestais envolvidos na defesa da única “casa” dos gorilas das
montanhas
VIRUNGA é um filme forte e comovente que não
utiliza atores e nem efeitos especiais. Um
de seus produtores executivos é Leonardo Di Caprio que já demonstrou
publicamente uma grande preocupação com os gorilas das montanhas. Virunga
concorre ao Oscar de melhor documentário no dia 22 de fevereiro e mostra a dura
realidade de gente muito corajosa que defende o Parque Nacional de Virunga,na
República Democrática do Congo (RDC) e onde vive a maior parte dos últimos 800 gorilas
das montanhas – em menor número eles estão também em Ruanda e Uganda, na área
que faz fronteira com a RDC. O documentário traz à tona os problemas de um país
que é praticamente esquecido pelos noticiários. Um país que muita gente sequer
sabe que existe. Um país repleto de riquezas naturais, mas que vive sob imensa
pobreza e violência há décadas.
É nesse
clima hostil de guerra civil, onde estão em atividade pelo menos três grupos de
rebeldes, que um grupo de pessoas arrisca a própria vida para defender a fauna
da Floresta e das Montanhas de Virunga. Entre essas pessoas estão um príncipe da
Bélgica ( diretor do Parque há sete anos), um dedicado congolês que cuida noite
e dia de gorilas orfãos (e as cenas gravadas com ele e os gorilas são realmente
encantadoras), um ex-soldado que foi obrigado a servir aos rebeldes quando
criança e uma jovem jornalista que se infiltra em uma empresa que pretende
explorar petróleo no habitat de centenas de animais selvagens.
O Parque Nacional de
Virunga é oficalmente Patrimônio da Humanidade, mas sofre com a ação de
milícias fortemente armadas, caçadores e
empresas estrangeiras interessadas em explorar seus recursos naturais como a
SOCO International (que motivou o documentário). A SOCO tem um projeto de
explorações minerais bem no “coração” da Floresta de Virunga devido a uma
antiga autorização dada pelo próprio governo congolês numa época em que ainda
não se tinha dimensão da riqueza da fauna e flora de Virunga, nem de quanto era
importante sua preservação.
Denunciada na Europa e
para seus grandes acionistas, a empresa disse que retiraria suas máquinas e
equipe do local, mas isso ainda não aconteceu. Tem havido pressão do governo
britânico, de entidades ambientalistas de peso e da Unesco, mas há temores de
que a empresa reinicie suas obras já que concluiu um levantamento sobre como
poderia lucrar economicamente com o Parque. O site do filme (virungamovie.com) exibe a seguinte
declaração: "Nós estamos
pedindo à SOCO para fazer um compromisso por escrito com o governo da República Democrática do
Congo para nunca mais trabalhar dentro das fronteiras do Parque Nacional de Virunga."
"O fato é que o contrato
inicial com a SOCO, assinado em 2007, diz claramente que eles têm que respeitar
as leis de conservação. Mesmo assim eles
escolheram adentrar o Parque e
essa decisão é ilegal. Com ou sem uma vitória em Los Angeles, durante o
Oscar, Virunga certamente tem se tornado um nome na boca de todos e estamos extremamente gratos por todo o apoio contínuo. Nós nunca teríamos chegado tão longe sem esse
documentário”, declarou De Merode.
O Parque Nacional de Virunga foi fundado em 1925
e é o mais antigo parque nacional da
África e, com cerca de dois milhões de hectares, é um dos mais biologicamente diversos lugares da Terra - contém
mais espécies de mamíferos, aves e répteis do que
qualquer outra área protegida no
continente Africano. Foi declarado Patrimônio Mundial da Humanidade em 1979 -190
países concordaram que merecia
proteção especial do mundo. Vale
ressaltar a miséria e sofrimento
do povo da República Democrática do
Congo. Os conflitos e a instabilidade persistem hà décadas e afetam
especialmente as populações que vivem nas fronteiras com o Parque. Estima-se que cinco milhões de pessoas pereceram desses conflitos ao longo
dos últimos 15 anos. Já morreram também 130
guardas florestais.
O diretor do filme
O diretor do
filme, Orlando Von Einsiedel, acredita que “a paz duradoura
só virá quando houver uma alternativa melhor: o desenvolvimento econômico
que beneficia a muitos, não poucos. Tivemos conhecimento de um plano
de desenvolvimento focado em sustentabilidade e incluindo a comunidade local,
no qual o próprio diretor do Parque está envolvido e que tem mostrado
progressos impressionantes. Assim, quando ouvimos falar
de um investidor de fora, alegando que desta vez vai ser diferente e o povo vai se beneficiar das riquezas do seu país, entramos em
desacordo. O cenário mais provável é
que apenas um punhado de gente fique
rica com as atividades da SOCO. A
grande maioria dos congoleses continuará
sofrendo e o mundo será cúmplice ao
permitir que uns poucos lucrem com um Patrimônio Mundial”.
Segundo ele, os 190 países - incluindo a República
Democrática do Congo - que se
comprometeram a aderir às Convenções
de Patrimônio Mundial têm a
obrigação de fazer cumprir o
compromisso assumido há 35 anos para
proteger Virunga, uma "fonte insubstituível de vida e inspiração que pertence
a todos os povos do mundo.
"