Esse é Paulo Cesar Bravos. Lindo, né? Fotógrafo que atuou no
Diário de SP, O Estado, O Globo, Revista Placar, foi exilado no período da
ditadura militar e, fiquei sabendo “hoje", que também compôs sambas-enredo. Foi tb
meu amigo e colega de trabalho no Diário de SP – jornal onde ele atuou desde
quando era Diário Popular. Então, numa bela noite, eu vou para o reencontro de
ex-jornalistas do Diário de SP crente que vou revê-lo e recebo a notícia que ele
morreu, muitos anos atrás, depois de cair de uma bike.
O acidente foi em 2008. PC, como era conhecido na redação,
tinha 57 anos e, ao cair da bike, bateu o rosto do chão sofrendo fraturas nas
costelas que causaram lesão em seus movimentos das pernas e o mantiveram internado
por dois meses. Lá mesmo, no hospital, teve paradas cardíacas e se foi de uma
maneira que ninguém imagina que vai morrer um dia.
Mas eu só estou detalhando um pouco mais o caso desse meu
amigo para dar um conselho, talvez sugestão.
Visitem seus antigos amigos, pessoas queridas, com mais frequência. Não
sabemos o dia de amanhã... não sabemos nem o que vai nos acontecer hoje. No
caso do PC eu fiquei muito chateada porque ele havia me localizado, creio que
no Orkut, e a gente ficou de se encontrar uma hora, um dia... enfim, aquele dia
e hora que a gente “sempre” diz que vai marcar, mas “nunca” marca. E eu queria
muito ter visto o PC de novo... mas não o fiz porque achei que iria acabar
cruzando com ele em algum evento ou que ainda havia bastante tempo pra gente se
reencontrar.
E me dói imaginar como a cabecinha dele ficou durante dois
meses numa expectativa de voltar pra casa, um desejo que acabou não se
concretizando. Eu me lembro tão bem das nossas reportagens, do jeito que ele
falava comigo e que, especialmente, ele brincava e era carinhoso comigo. E por
que soube da morte dele só agora? Por que não mantive contato com outros
ex-colegas de trabalho, não os procurei para um café, para um abraço. Em todos
os jornais onde trabalhei conheci gente tão bacana e é claro, que como todo
mundo, tb sempre teve os colegas mais especiais, mais próximos... mas nunca me
esforcei pra rever essas pessoas.
Cada vez mais me convenço como é importante rever ou ver de vez
em quando pessoas pelas quais temos carinho ou algum tipo de gratidão ou ainda,
boas lembranças. Algumas dessas pessoas saem da nossa vida de repente, mudam de
cidade, de país... às vezes discutimos com elas e por orgulho não nos
aproximamos mais... as vezes deixamos de vê-las por pura preguiça... e às vezes
achamos que basta um contato frio pelo facebook.
Eu, particularmente, sonho muito com pessoas que fizeram
parte do meu passado, inclusive, até da minha infância, mas que nunca mais vi.
Elas aparecem nos meus sonhos como se ainda estivessem conectadas comigo de
alguma forma. E eu realmente gostaria de rever muitas dessas pessoas...
No ano passado tb perdi outro parceiro, o ilustrador Lino
que participou do meu segundo livro “MI-AU BOOK – Um livro pet-solidário”.
Cerca de um ano antes de sua morte havíamos conversado longamente por telefone.
Ele era ativista da causa animal. Tinha
vários gatos retirados das ruas e sempre ajudava protetoras. Na nossa conversa
ficamos de marcar uma data pra visitar o grupo que cuida dos animais da Aldeia
do Pico do Jaraguá. Nunca mais liguei de volta. E, quase que movida pela
intuição, um dia resolvi acessar o facebook dele e lá estavam várias mensagens
de despedida... ele já havia morrido há alguns dias. E o Lino era alguém que eu
queria ter abraçado e agradecido mais uma vez pelo trabalho maravilhoso dele no
meu livro e pela pessoa incrível que ele era.
Então... se vc já fez parte da minha vida profissional,
já foi meu vizinho, amigo ou amiga que tinha carinho por mim... entra em
contato... prometo que vou retornar... não vamos deixar pra nos revermos quando isso já não for mais possível.