segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

UMA DESPEDIDA TARDIA. PERDI UM AMIGO E NEM SABIA



Esse é Paulo Cesar Bravos. Lindo, né? Fotógrafo que atuou no Diário de SP, O Estado, O Globo, Revista Placar, foi exilado no período da ditadura militar e, fiquei sabendo “hoje", que também compôs sambas-enredo. Foi tb meu amigo e colega de trabalho no Diário de SP – jornal onde ele atuou desde quando era Diário Popular. Então, numa bela noite, eu vou para o reencontro de ex-jornalistas do Diário de SP crente que vou revê-lo e recebo a notícia que ele morreu, muitos anos atrás, depois de cair de uma bike.

O acidente foi em 2008. PC, como era conhecido na redação, tinha 57 anos e, ao cair da bike, bateu o rosto do chão sofrendo fraturas nas costelas que causaram lesão em seus movimentos das pernas e o mantiveram internado por dois meses. Lá mesmo, no hospital, teve paradas cardíacas e se foi de uma maneira que ninguém imagina que vai morrer um dia.

Mas eu só estou detalhando um pouco mais o caso desse meu amigo para dar um conselho, talvez sugestão.  Visitem seus antigos amigos, pessoas queridas, com mais frequência. Não sabemos o dia de amanhã... não sabemos nem o que vai nos acontecer hoje. No caso do PC eu fiquei muito chateada porque ele havia me localizado, creio que no Orkut, e a gente ficou de se encontrar uma hora, um dia... enfim, aquele dia e hora que a gente “sempre” diz que vai marcar, mas “nunca” marca. E eu queria muito ter visto o PC de novo... mas não o fiz porque achei que iria acabar cruzando com ele em algum evento ou que ainda havia bastante tempo pra gente se reencontrar.

E me dói imaginar como a cabecinha dele ficou durante dois meses numa expectativa de voltar pra casa, um desejo que acabou não se concretizando. Eu me lembro tão bem das nossas reportagens, do jeito que ele falava comigo e que, especialmente, ele brincava e era carinhoso comigo. E por que soube da morte dele só agora? Por que não mantive contato com outros ex-colegas de trabalho, não os procurei para um café, para um abraço. Em todos os jornais onde trabalhei conheci gente tão bacana e é claro, que como todo mundo, tb sempre teve os colegas mais especiais, mais próximos... mas nunca me esforcei pra rever essas pessoas.

Cada vez mais me convenço como é importante rever ou ver de vez em quando pessoas pelas quais temos carinho ou algum tipo de gratidão ou ainda, boas lembranças. Algumas dessas pessoas saem da nossa vida de repente, mudam de cidade, de país... às vezes discutimos com elas e por orgulho não nos aproximamos mais... as vezes deixamos de vê-las por pura preguiça... e às vezes achamos que basta um contato frio pelo facebook.

Eu, particularmente, sonho muito com pessoas que fizeram parte do meu passado, inclusive, até da minha infância, mas que nunca mais vi. Elas aparecem nos meus sonhos como se ainda estivessem conectadas comigo de alguma forma. E eu realmente gostaria de rever muitas dessas pessoas...

No ano passado tb perdi outro parceiro, o ilustrador Lino que participou do meu segundo livro “MI-AU BOOK – Um livro pet-solidário”. Cerca de um ano antes de sua morte havíamos conversado longamente por telefone. Ele era ativista da causa animal.  Tinha vários gatos retirados das ruas e sempre ajudava protetoras. Na nossa conversa ficamos de marcar uma data pra visitar o grupo que cuida dos animais da Aldeia do Pico do Jaraguá. Nunca mais liguei de volta. E, quase que movida pela intuição, um dia resolvi acessar o facebook dele e lá estavam várias mensagens de despedida... ele já havia morrido há alguns dias. E o Lino era alguém que eu queria ter abraçado e agradecido mais uma vez pelo trabalho maravilhoso dele no meu livro e pela pessoa incrível que ele era.



Então... se vc já fez parte da minha vida profissional, já foi meu vizinho, amigo ou amiga que tinha carinho por mim... entra em contato... prometo que vou retornar... não vamos deixar pra nos revermos quando isso já não for mais possível.

4 comentários:

  1. Muito feliz de rever você e todos q estiveram no nosso encontro no marajá . Eu também sou bem preguiçosa pra muitas coisas, mas me esforço, me " monto" e vou lá rever quem, assim como eu, também sente Saudades de um tempo - e de uma turma - que não voltam mais.

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  2. Nossa, procurando por algumas fotos do meu pai eu achei esse blog... Sinto muito que vc tenha descoberto apenas 8 anos depois e não tenha tido a chance de se despedir.
    Mas fico feliz de ver que meu pai tocou tantos corações nesse mundão.

    <3

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  3. Nossa, procurando por algumas fotos do meu pai eu achei esse blog... Sinto muito que vc tenha descoberto apenas 8 anos depois e não tenha tido a chance de se despedir.
    Mas fico feliz de ver que meu pai tocou tantos corações nesse mundão.

    <3

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  4. PC, irmão do meu marido José Claudio, nos falávamos muito, saudades.

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