DICA DE LEITURA
A revista Quanta é uma excelente leitura para quem se interessa por Ciências. Na edição desse mês a matéria principal mostra inúmeras outras teorias e estudos q surgiram pós Darwin... e tb o que já se pensava, antes dele, sobre a evolução das espécies. Atualmente se fala em " teoria sintética expandida da evolução". Difícil de entender? É que surgiram hipóteses (e provas) de outros mecanismos de evolução como epigenética, auto-organização, evolutibilidade e simbiogênese. Muita coisa pra explicar nesse post, mas que consta na matéria. Mas para dar uma prévia, vou comentar sobre a ideia dos possíveis "saltos" da evolução. É quando um processo evolutivo, que deveria ser lento, tem um avanço rápido em curto espaço de tempo devido ao que os pesquisadores chamam de "efeito fundador". Esse efeito pode se dar com a fragmentação de uma população (por uma razão ambiental qualquer) que se une a outra (mais evoluída ou de aspectos diferentes, por exemplo) e favorece o surgimento de uma nova espécie. Dá asas à imaginação, não dá?
Isso não fala na revista, é uma ponderação minha: sempre digo (com base em pesquisas q já li) que não se pode comparar um lobo com um cão que vive integrado a uma família humana nas grandes cidades. Muita gente insiste em dizer que os animais urbanos são tão instintivamente limitados e primitivos quanto os q ainda vivem em habitat natural. Isso não é verdade. Há uma evolução latente nos lobos e em todas as espécies animais (provavelmente nas vegetais tb), mas que segue um longo percurso determinado pelo ambiente e necessidades daquele grupo de animais. No momento em que esses indivíduos são introduzidos num ambiente mais complexo, numa vida completamente diferente da floresta e no convívio com espécies mais evoluídas (do ponto de vista racional/intelectual), a evolução deles pode dar um "salto". E a evolução é uma coisa q não tem volta. O cachorrinho q cresceu na cidade jamais voltará a desenvolver as funções e comportamentos de seus ancestrais caninos.
Koko e seus tratadores
O clássico caso da Gorila Koko
Koko é uma gorila bastante famosa que desenvolveu a linguagem dos sinais, folheia revistas, assiste filmes e desenhos na TV, acessa computador e sabe não só expressar o que sente e quer, como tb cria sinais para objetos que não lhe foram apresentados. Koko gosta de chapéu, batom, se reconhece no espelho e reconhece outros animais e pessoas por meio de fotos. Parece muito para uma gorila? Então veja mais esse detalhe interessantíssimo: Koko tem mais de 30 anos. Cresceu com humanos e ao longo de sua vida foi apresentada a vários gorilas com o intuito de fazê-la se interessar por algum. Resultado: Koko nunca quis nada além de "amizade" com eles. Ela não os reconhece como possíveis parceiros sexuais pq Koko simplesmente já se vê como "humana". Eu arrisco dizer q ela se relacionaria sexualmente, de livre e espontânea vontade, com um homem.
Koko pediu por meio de sinais um gatinho para criar como bichinho de estimação
Hoje Koko vive num santuário ao ar livre. É uma semi-liberdade, já que ela jamais teria condições de viver por conta própria numa floresta. Uma vez perguntei a sua tratadora porque Koko foi privada da vida numa casa - lugar q ela, obviamente, deve adorar viver, muito mais do que em cima de árvores. A resposta foi que seus tratadores vão morrer um dia e o destino de Koko pode ser muito cruel, com pessoas a explorando ou a jogando numa jaula. Então o santuário é uma forma de mantê-la em segurança. Faz sentido, mas acho q Koko já poderia ser considerada "pessoa" e conviver com humanos pelo resto de sua vida. Ela deveria gozar de algum tipo de "proteção à pessoa não-humana". Não sei se conseguem entender o que quero dizer... mas é minha opinião.
Reflexões de Fátima ChuEcco