Numa rara
ousadia em animações infanto-juvenis do cinema, o filme “O Touro Ferdinando”,
que é dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha (A Era do Gelo e Rio), mostra o
interior de um abatedouro na Espanha desde o compartimento onde os bois são içados
até o momento final, passando por várias máquinas de corte e amaciamento da
carne.
Mas Calma!
Nenhum boi é morto no desenho! A turma de bois que entra no frigorífico escapa
com vida e por isso mesmo a animação é formidável para ser mostrada a filhos,
netos e sobrinhos. Professores deveriam exibir Ferdinando na escola como um trabalho extra-curricular. Vegetarianos e veganos deveriam exibir esse desenho
em seus eventos e para suas crianças.
Escrito em
1936 pelo autor americano Munro Leaf,
chegou aos cinemas norte-americanos em 25 de novembro de 1938 e ganhou
Oscar de Melhor Curta-Metragem de Animação, categoria na época chamada de
"Curta-Metragem - Cartoons".
A nova
versão tem muita cor, humor, personagens incríveis e um enredo maravilhoso que
nos prende do começo ao fim.
Desenho original de 1936
Muita ação, muita emoção, especialmente no final,
quando Ferdinando, já na arena da tourada, fica na mira da espada. O final é
feliz, então os mais sensíveis não precisam ter medo de assistir. A animação é
recheada de mensagens de amizade, compaixão e amor.
Fui ver no
cinema sozinha, sem a companhia de nenhuma criança e me surpreendi ao perceber
pelo menos mais umas sete mulheres também vendo o filme sem menores de idade ao
lado. Embora o filme seja todo construído para ter uma linguagem acessível as
crianças é uma ótima dica para os adultos também, especialmente, os que amam
os animais e são contra as touradas.
Eu vi a
versão antiga quando era criança e tenho certeza que o filme teve influência na
formação de minha personalidade. Nunca me saiu da memória o touro Ferdinando
cheirando flores. Como neta de espanhola nascida na Província de Múrcia, em
casa tinha até uma castanhola. Minha mãe contava que tinha tios toureiros que
ficaram na Espanha e, provavelmente, lá morreram na época da guerra que fez minha
avó fugir para o Brasil. Mas minha mãe detestava touradas (embora nunca tivesse
visto uma pessoalmente já que nasceu no Brasil).
Acredito que
para a causa animal, um dos pilares mais importantes, talvez essencial e
básico, é atingir as novas gerações. Ainda que esteja sendo feito um trabalho
consistente e permanente no sentido de proteger os animais em todo o mundo,
isso tudo pode se perder se as novas gerações não derem continuidade, mas elas
só farão isso se forem motivadas com filmes como o do Ferdinando e livros que
incentivem o respeito aos animais.
Não percam! Ainda está em cartaz em uns poucos
cinemas e deve entrar no Now em breve. Veja o trailer