Muita gente já sabe que quando o intestino está "preso" pode provocar mau humor. Inclusive é costume dizer que as pessoas com fezes presas ficam "enfezadas" ou seja, bravas, nervosas e irritadas. Mas você já ouviu dizer que as pessoas ficam felizes quando o intestino funciona bem?
Pois inúmeros estudos comprovam que a ligação entre cérebro e intestino é uma via de mão dupla e exatamente por isso o intestino tem sido reconhecido como o "segundo cérebro". Não são apenas as emoções que "mexem" com o intestino causando prisão de ventre ou diarreia. O intestino tratado de forma errada, com a alimentação inadequada e mergulhado num corpo sedentário também "mexe" com as emoções. E como!
A delicada estrada que se estende do intestino até o crânio (passando pelo abdômen e tórax) leva o nome de Nervo Vago.
Mas o conceito de termos um cérebro nas nossas tripas é difícil de absorver porque culturalmente ligamos o coração às emoções.
Ninguém desenha um intestino num cartão de amor. Ninguém coloca as mãos sobre o ventre pra dizer "eu te amo". Aprendemos que é no coração que guardamos bons e maus sentimentos.
Mas na verdade, o orgão que mais se inter-relaciona com o cérebro, celeiro das emoções, não é o coração e sim o intestino que, aliás, pode sim causar felicidade, deixar um pessoa bem humorada e com sensação de serenidade se estiver em bom funcionamento.
Por isso, alimentos com fibra podem gerar mais paz de espírito do que calmantes e ansiolíticos.
Guardião do ânus (como?!)
Até parece palavrão, mas na verdade era o nome dado aos médicos que faziam uma limpeza no intestino introduzindo água pelo ânus por meio de um longo bico. Foi a versão mais remota das "lavagens" intestinais. E isso 2500 anos antes de Cristo. A prática era comum entre monarcas e seus familiares cujo objetivo não era meramente um limpeza física, mas também energética.
Mas o que o intestino tem de tão especial para merecer tratamento de rei? Nele vivem, como todos sabem, nossas boas bactérias - aquelas mesmas para as quais oferecemos "petiscos" sob vários nomes: yakult, chambinho etc. Antigamente chamávamos essa população de criaturas microscópicas de flora intestinal, mas hoje se conhece por microbiota.
No livro "A incrível conexão intestino cérebro", de Camila Rowlands, ela diz:
"As bactérias que habitam nosso organismo influem na maneira em que a mente trabalha e problemas psicológicos como ansiedade e depressão, podem estar em grande parte relacionados com o estado que mantemos o habitat dos nossos minúsculos habitantes".
Sabe aquela frase: somos o que comemos? É mais ou menos isso que a autora diz.
Segundo ela, essas boas bactérias próprias da nossa microbiota são muito eficientes na absorção de minerais e na síntese de vitaminas. Produzem, por exemplo, B12, essencial para a saúde do cérebro. O déficit de B12 pode provocar depressão.
Troque seu calmante por alimentos
Parece difícil acreditar que um combo com couve, espinafre e brócolis, por exemplo, consumido com frequência, pode aposentar sua sertralina ou qualquer outro remédio que combate ansiedade e depressão. Pois tente. Durante uma semana alterne diversas verduras, frutas e legumes ricos em fibras e observe seu humor, ânimo, produtividade e pensamentos mais leves.
A lista de alimentos que fazem bem ao intestino é enorrrrrme. E muitos com custo bem acessível. Quer ver?
Os principais: couve, espinafre e brócolis. E ainda: rúcula, feijão, lentilha, ervilha, abacate, manga, laranja, tangerina, abóbora, mamão, ameixa (tanto seca quanto ao natural), tomate, maracujá, arroz e pão integral. A lista segue com grãos e algumas outras frutas de época.
Caminhada, exercícios ou dança complementam o tratamento natural porque movimento é essencial a uma vida saudável.
É tanta coisa boa para o intestino que ele tem toda a razão de ficar enfezado se você nega esse prazer a ele.
Fátima ChuEcco - jornalista e escritora - Fotos feitas com AI
Ótima matéria! Aqui, todos esses alimentos estão sempre presentes, mas ainda assim, as vezes, tava tudo...
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