quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Gato perdido foi encontrado 107 dias depois e estava a apenas alguns metros de casa

Tem duas coisas importantes para tirar dessa incrível história de reencontro: a primeira é que não se deve perder a esperança de achar um gatinho perdido e a segunda é que ele pode estar muito, mas muito perto de casa... até mesmo na casa ao lado ou nos fundos da sua.

A Luciana Atti, de SP, fez de tudo e mais um pouco para encontrar seu gatinho Gandalf que escapou de casa em fevereiro deste ano. Quem frequenta os grupos de animais perdidos do Facebook certamente se deparou com o post dele porque Luciana postou sem parar nesses meses todos. 

Também fez o trivial: cartazes, sondagem na vizinhança e foi até outros bairros conferir se o gato achado era o Gandalf. A busca só terminou depois de longos três meses e meio, na verdade, exatos 107 dias em que a tutora não desistiu de procurar.

E sabem onde Gandalf estava? 


Vivendo em quintais das casas da rua detrás, no mesmo quarteirão, a poucos metros de distância. Uma rua onde, aliás, Luciana também fazia ronda com frequência. 

Vejam que relato interessante:

"Fui guiada pela intuição. Era fim de tarde e estava em casa quando algo me disse para descer naquela rua e dar uma olhada. Então ao chegar lá comecei a ouvir uns miados e na mesma hora identifiquei que eram do meu gato. Fui olhando as casas e, de repente, vi Gandalf no quintal de uma delas. Estava na escada de um corredor".

Pausa: acham que que foi fácil? Pois anotem isso: um gatinho perdido na rua pode não atender/responder ao tutor, principalmente quando já se passaram muitos dias. Os gatos criam uma certa desconfiança que está intimamente ligada à autodefesa. 

"Comecei a chamá-lo, mas ele descia 3 degraus e em seguida subia um. Tive que ter paciência e respeitar o tempo dele até que devagar começou a vir na minha direção. Então me permitiu fazer carinho e finalmente consegui pegá-lo. Foi uma emoção que não tem preço", conta a tutora.

Klaus Porlan, Luciana Atti e Gandalf

Luciana deduziu que Gandalf, nesse tempo todo, se alimentava graças à oferta de ração colocada nos arredores por vizinhos que amam gatos. E como tem gatos vivendo soltos na vizinhança deve ter ficado difícil para alguém perceber que Gandalf andava próximo deles.

"Embora a gente coloque muitos cartazes e fale com os vizinhos, não podemos desistir de procurar. No início temos esperança, depois surgem episódios de desânimo. Por isso é fundamental ter perseverança e fé, além de contar com pessoas altruístas. Muita gente se sensibilizou com minha busca e me ajudou".

Procure pertinho de casa

Como consultora sobre gatos perdidos vejo muito as pessoas perderem a esperança de encontrar o gatinho no decorrer dos dias. Claro que muita coisa de ruim pode acontecer a um gato na rua e essas hipóteses também precisam ser checadas junto a lixeiros, varredores de rua e vizinhos.

Mas se o seu gatinho não sofreu nenhuma fatalidade, a chance dele estar nos arredores da sua casa é muito, mas muito grande. Isso porque, bem diferente dos cães, que são andarilhos por natureza e podem percorrer de 3 a 10 km  por dia, os gatos não saem andando pelo bairro. 

Uma vez perdidos, os gatos buscam abrigo ou esconderijo o mais perto possível de suas casas. A sensação de segurança é muito importante para o gato e por isso eles evitam se expor demais em busca de alimento ou de algum lugar para ficar.

Podem se distanciar até uns 500 ou 600 metros... em alguns casos até uns 800 metros, mas isso andando um pouquinho por dia até acharem um porto seguro. Mas a grande maioria das pessoas me relata que encontrou o gato em casas da vizinhança mais próxima. Foi o caso da gatinha Irene (foto), encontrada na casa que fazia fundos com a sua. Leia AQUI



Mas um gato não pode ir parar longe?

Pode, mas não andando. Um gato pode parar em outro bairro e até cidade se entrar no motor de um carro ou se for levado embora por alguém. 

Mas se você não sabe se uma dessas coisas aconteceu com ele o jeito é procurar... e manter viva a esperança porque os gatos sentem nossa intenção de encontrá-los e uma hora ou outra, se estiverem por perto, irão enviar um sinal que, aliás, pode surgir por meio de uma intuição, como foi o caso da Luciana literalmente "guiada" na direção do Gandalf depois de 107 dias.

                                            Casa telada, muro alto... como um gato escapa?

No caso do Gandalf, Luciana acredita que foi por uma árvore de seu quintal. Os muros são altos mas a árvore serviu de "trampolim" para uma aventura perigosa. Ouço muito as pessoas ficarem indignadas com as "fugas" de seus gatos de casas que, aparentemente, seriam "antifuga". 

Mas acreditem: quando eles querem sair calculam cada cantinho que possa dar acesso à rua e isso também vale para gatos castrados. O instinto explorador está no DNA dos felinos e a castração não modifica a personalidade deles.

À propósito, conheçam a história da gatinha Liz (foto) que, mesmo castrada, saiu de casa e seguiu um "gatão do pedaço", também castrado, até a casa dele. E por lá ficou até ser encontrada por sua tutora dias depois. Acesse essa curiosa história AQUI.


Então o jeito é pensar em soluções que realmente impeçam escapadas. Há redes próprias para quintais, sacadas e varandas. E nas garagens e portões da frente também se deve pensar em formas de não deixar nenhum "buraco" porque os gatos "pensam" em tudo.

Texto: Fátima ChuEcco, jornalista, escritora e fundadora da @buscacats - consultoria especializada em gatos perdidos



Nenhum comentário:

Postar um comentário

PENSE FORA DA CAIXA

Dianna ilustra a expressão “Pensar fora da Caixa” que vem do inglês “Think outside the box” e significa pensar de forma criativa, livre...