"Penso, Logo, Mio e Existo" é uma adaptação bem-humorada que fiz da frase do francês René Descartes “Cogito, ergo sum” e que ficou mundialmente
famosa como “Penso, logo existo”. Descartes afirmava que apenas os seres humanos podiam pensar, então procurei "atualizar" a clássica frase dizendo que os gatos também pensam (e obviamente outros animais), ao contrário do que o filósofo pregou e que foi aceito por grande parte da sociedade e de pesquisadores de seu tempo.
Descartes (1596 a 1650) chegou a essa conclusão argumentando sobre a capacidade de ter dúvidas. Para ele, as dúvidas eram a maior prova da existência do
pensamento. Logo, se os seres humanos eram os únicos que tinham dúvidas e podiam pensar é porque existiam e o restante das criaturas vivas eram apenas máquinas que respiravam.
Em sua visão os animais não tinham alma, não podiam
pensar nem sentir dor e, portanto, não era errado usá-los como cobaias. Infelizmente, mais de 300 anos depois, esse argumento ainda sustenta milhares de experimentos dolorosos com cobaias https://www.significados.com.br/penso-logo-existo/
Hoje a própria Ciência admite (e seria um fiasco não admitir) que os animais são "sencientes", ou seja, sentem dor física e psicológica, ficam alegres, tristes, com raiva, medo e que expressam inúmeros sentimentos e emoções de forma gestual, facial e por meio de uma linguagem própria. Mas essa mesma Ciência, no entanto, não acredita que isso seja motivo suficiente para abandonar o uso de cobaias.
Admitir que os animais pensam é também ainda um tabu fora da sociedade científica! Muitos protetores e amantes de animais ainda se sentem desconfortáveis em admitir que os animais pensam ainda que numa escala diferente da nossa, mas de acordo com suas necessidades e o ambiente em que vivem. É um exercício mental quase tão difícil quanto aquele, tempos atrás, de imaginar que a Terra era redonda e não plana. Ainda há muita resistência nesse campo. Mas convido para uma reflexão:
Onde nasce o sentimento? Da onde brotam as emoções?
Não seria do pensamento?
É impossível desconectar sentimento de pensamento, pois, sentimento é o resultado de um pensamento que formulamos sobre situações e experiências que assistimos ou que vivemos. Um depende do outro. Um não existe sem o outro.
FOTOLIVRO
“Penso, Logo, Mio e Existo” - Como diriam os gatos se pudessem miar na nossa língua
Seu gatinho que pensa, mia e, portanto, existe e tem alma, pode ser o protagonista de um Fotolivro de luxo que fala um pouco da "filosofia felina". Seu bichano pode ilustrar a capa e páginas internas. Parte da renda vai para ONGs de Proteção Animal.
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Dianna assistindo desenho na TV - do Fotolivro "Penso, Logo, Mio e Existo"
"Que ingenuidade, que pobreza de espírito,
dizer que os animais são máquinas privadas de conhecimento e sentimento, que
procedem sempre da mesma maneira, que nada aprendem, nada aperfeiçoam!
Será
porque falo que julgas que tenho sentimento, memória, ideias? Pois bem,
calo-me. Vês-me entrar em casa aflito, procurar um papel com inquietude, abrir
a escrivaninha, onde me lembro tê-lo guardado, encontrá-lo, lê-lo com alegria.
Percebes que experimentei os sentimentos de aflição e prazer, que tenho memória
e conhecimento...
Vê com os mesmos olhos
esse cão que perdeu o amo e procura-o por toda parte com ganidos dolorosos,
entra em casa agitado, inquieto, desce e sobe e vai de aposento em aposento e
enfim encontra no gabinete o ente amado, a quem manifesta sua alegria pela
ternura dos ladridos, com saltos e carícias.
Bárbaros agarram esse cão, que tão
prodigiosamente vence o homem em amizade, pregam-no em cima de uma mesa e
dissecam-no vivo para mostrarem-te suas veias mesentéricas.
Descobres nele
todos os mesmos órgãos de sentimentos de que te gabas. Responde-me maquinista,
teria a natureza entrosado nesse animal todos os órgãos do sentimento sem objetivo
algum? Terá nervos para ser insensível? Não inquines à natureza tão
impertinente contradição."
Rebecca Selvagem lendo jornal - Do Fotolivro "Penso, Logo, Mio e Existo"
Foi de fato um discurso muito convincente e
comprovável. Teve lá seus adeptos naquela época e tem até hoje, mas já era
tarde. A sociedade científica já tinha se dado o direito de “fazer qualquer animal sofrer”. Paralelo
a isso, a sociedade em geral também já tinha assimilado a ideia de que só o ser
humano é capaz de pensar e isso perpetuou a escravidão e a tortura de qualquer
outra criatura viva.
Já era tarde para Descartar os argumentos de Descartes.
“Animais têm suas faculdades
organizadas como nós, recebem a vida como nós e a geram da mesma maneira. Eles
iniciam o movimento da mesma forma e comunicam-no. Eles têm sentidos,
sensações, ideias e memórias. Animais não são totalmente sem razão. Eles
possuem uma proporcional acuidade de sentidos” - Lettres de Memmius à Cicéron (Cartas
de Gaius Memmius a Cícero) em 1772.
Assim...
Descartes assinalou a dúvida como a
maior prova da existência do pensamento, mas apenas em humanos. Voltaire, por sua vez, apontou que as memórias e
os sentimentos estão presentes também nos demais animais. Outros cientistas
e pesquisadores continuaram falando da inteligência dos animais.
"Penso, Logo, Mio e Existo" por Charles Darwin
Charles Darwin, aliás, escreveu que os gatos são alguns dos animais mais expressivos.
"Os gatos usam muito a voz como meio de expressão, e emitem, sob várias circunstâncias e emoções, pelo menos seis ou sete sons diferentes. Ações de todos os tipos, acompanhando regularmente algum estado de espírito, são de pronto reconhecidas como expressivas. Podem consistir de movimento de qualquer parte do corpo, como o abano da causa de um cão, o encolhimento dos ombros de um homem, o eriçamento de pelos, a exsudação de suor, o estado da circulação capilar, a respiração forçada e o uso de sons vocais ou produzidos por algum instrumento"
E acrescentou: "Até os insetos exprimem raiva, terror, ciúme e amor com sua estridulação" Charles Darwin, do livro "A expressão das emoções no homem e nos animais" http://jornalistafatima.blogspot.com/2013/07/os-gatos-sao-alguns-dos-animais-mais.html
"Penso, Logo, Mio, Existo e... Tenho Alma"
Allan Kardec, considerado pai do Espiritismo, afirmou que os animais também têm alma, entre outras coisas, no "Livro dos Espíritos" publicado em 1857, ou seja, 200 anos após os argumentos de Descartes. Um pequeno trecho:
"Pois se os animais têm uma inteligência que lhes dá uma certa liberdade de ação, há neles um princípio independente da matéria? Sim, e que sobrevive ao corpo. Esse princípio é uma alma semelhante à do homem? É também uma alma, se o quiserdes: isso depende do sentido em que se tome a palavra; mas é inferior à do homem. Há, entre a alma dos animais e a do homem, tanta distância quanto entre a alma do homem e Deus".
Veja na íntegra o que diz o Livro dos Espíritos sobre os animais:
https://livrodosespiritos.wordpress.com/mundo-dos-espiritos/cap-11-os-tres-reinos/ii-os-animais-e-o-homem/
Mas era só o princípio. Inúmeros outros livros espíritas aprimoraram a questão da alma dos animais depois de Kardec como os escritos por Ernesto Bozzano e Marcel Benedeti que vale a pena consultar.
Capa "modelo" do Fotolivro "Penso, Logo, Mio e Existo"
Ághata Borralheira em uma das páginas do Fotolivro
Matéria de:
Fátima ChuEcco
Jornalista ambientalista, atuante na causa animal, escritora e apaixonada por gatos
Autora dos livros:
MI-AU Book - Um livro pet-solidário
MI-AU Book & Cia
Ághata Borralheira & Amigos Tocando Corações
Encontrando Rebecca Selvagem - Uma busca intensa e cheia de fé
Penso, Logo, Mio e Existo
Artigo com Direitos Autorais: Fátima ChEcco, jornalista profissional MTB 21.012 - texto protegido por direitos autorais pode ser compartilhado/divulgado à vontade citando a autora porque isso é LEGAL. Mas não pode ser comercializado/patrocinado em portais na íntegra ou em partes sem citar a autoria por ser ILEGAL.