Uma incrível
história que pode ser tudo, menos coincidência
Num primeiro
momento eu não a vi... pude ver apenas suas patinhas da frente... e elas eram
peludas, largas e diferentes. Ághata, com pouco mais de um mês de vida, estava
escondida atrás de uma geladeira numa casa vizinha. Então me chamaram por
saberem que gosto de gatos e quando fui olhar só dava para ver as patinhas.
Disse ao dono da casa: “É uma gata de raça. As patas são muito largas. Mas está
muito assustada. Deixe-a sair daí sozinha e então fica com ela ou coloca para
adoção”.
O vizinho
era pai de um veterinário casado com uma veterinária. Então eu sabia que mal
nenhum faria aquela bolinha preta e peluda. Fui embora. Na época estava
atordoada com o sumiço de uma gatinha minha. Tinha acabado de me mudar para
aquela rua e, assustada, minha gatinha fugiu quando abri a porta cheia de
sacolas de compras. Eu a procurava todas as noites pelo quarteirão e,
especialmente, num prédio em construção onde, geralmente, os gatos costumam se
esconder e até viver.
Noite após
noite chamava por minha gatinha e, embora não a avistasse, ouvia um “miadinho”
vindo do prédio em obra. Então falei com o vigia e ele disse que via um gatinho
bem pequeno correndo pelos entulhos e entrando na cabine dos pedreiros toda
noite. Já tinha visto, inclusive, o gatinho dormindo dentro de um sapato, pois,
era tão pequeno que encaixava direitinho. No entanto, era arisco e fugia quando
o vigia se aproximava.
O problema é
que o lugar ficava cada dia mais perigoso com madeiras, ferros e pregos por
todo lado. Então, uma noite, peguei uma caixa de transporte e botei dentro um
sachê bem cheiroso. Coloquei num ponto onde ficaria fácil de eu alcançar caso o
gatinho entrasse para comer. Foi tenso, mas deu certo. Capturei o gatinho que
depois vim a saber que era uma gatinha... a minha Ághata.
Chegando em
casa pude notar, pelas largas e peludas patinhas, que se tratava do mesmo
gatinho atrás da geladeira. Num
primeiro momento não quis ficar com ele, mas o destino fez ele voltar para mim.
Não encontrei mais minha gata desaparecida, mas já tinha em casa a Dianna e a
Millah. A pequena Ághata era muito miudinha e, apesar do susto da captura, logo
se socializou conosco como que adivinhando que seríamos sua família.
Carreira cinematográfica nível amador, mas feito com amor
Desde o
início, Ághata demonstrou uma atração louca por SAPATOS masculinos. Ela se
jogava aos pés das visitas masculinas... abraçava os sapatos com tanto gosto
que parecia voltar ao tempo em que, sozinha, naquela obra, os sapatos eram seu
refúgio... seu cantinho quente e de sossego. Quando as visitas não usavam sapatos,
mas tênis, ela agarrava do mesmo jeito.
O talento
para fotos e filmes despontou na adolescência. Fotografar e filmar a Ághata era
sempre uma delícia porque ela gostava de ser o alvo das atenções. Não fugia nem
se fazia indiferente... ela participava... colaborava, como se tivesse um script (roteiro) sempre em mente.
Sua índole
meiga encantava as pessoas. Ághata andava bem com peitoral... como se não
usasse nada. Mesma coisa com seus vestidinhos. Muita gente não acha certo gato
usar roupa, mas posso garantir que Ághata adorava. Ela desfilava com eles,
subia e descia móveis, fazia tudo com naturalidade e, além do mais, não vivia
com eles no corpo... eram apenas figurino de seus “CURTA-METRAGENS DE BAIXO
ORÇAMENTO”.
Durante todo
seu tratamento médico, surpreendeu os veterinários tal sua doçura deixando-se
manusear sem resistência e espontaneamente escancarando as perninhas pAra fazer
ultrassom... e olha que ela fez muitos, mas muitos ultrassons.... assim como
muitas vezes colheu sangue e urina... mas tolerava tudo pacificamente e no
ultrassom até ronronava.
Uma GUERREIRINHA
Ághata foi
castrada aos 8 meses de idade e nunca ficou doente, nunca tomou remédio nenhum
até seus 8 anos de vida. Então apareceu uma tal doença intestinal que a fazia
passar por episódios de extremo emagrecimento e perda de apetite. Em duas
dessas crises ela foi “desenganada”.
Mas a cada
crise meu AMOR por ela crescia e eu usava esse amor como ferramenta de cura –
assim como no livrinho dela também é mostrado que o Amor é a razão da
recuperação incrível de vários bichinhos reais. Esse amor penetrava em cada
remedinho e vitamina que ela tomava. E assim Ághata se recuperava em pouco
tempo e de forma surpreendente. Uma guerreirinha!
O problema
intestinal já tinha dado sinais de um possível linfoma lá trás, há quase dois
anos, quando o tratamento começou de forma leve, mas ela se recuperava sempre
tão rápido, se enchia tanto de vida e alegria, que eu alimentava a esperança da
doença não chegar a um ponto muito grave.
Na crise de
janeiro ela chegou a ter corpúsculo de Heinz que acabam com o sangue levando o
animal a anemia profunda e morte. A única salvação seria por meio de transfusão
de sangue, mas poderia ter rejeição ou então durar apenas um ou dois meses.
Diante de
uma situação tão delicada, optei por tentar salvá-la do meu jeito... “NOSSO”
jeito, investindo em vitamina B12 (citoneurim) injetável (que já a tinha
salvado de outras vezes), ômega 3 (ograx 500 receitado pela veterinária) e mais
a medicação habitual. E mais uma vez deu certo.
Em ABRIL, para
surpresa das duas veterinárias que cuidavam dela, os exames não só estavam
ótimos, sem anemia nem nada errado, como até dos corpúsculos Ághata tinha se
livrado – não sei se existe na literatura veterinária a expulsão de corpúsculo
sem transfusão, mas Ághata foi capaz disso.
Uma doença que usa disfarce
No dia 12 de
MAIO comemorei meu aniversário agradecendo mais um ano na companhia da Ághata,
Dianna e Rebecca. E Ághata estava muito
bem. No entanto, alguns dias depois ela começou a perder peso novamente. Já
comia pouco e começou a ter discreta fraqueza nas perninhas. Estranhamente os
exames continuavam normais.
Então, nos
dias 27 e 28 de maio, ela realmente demonstrou não estar se sentindo muito bem.
Quase não comia, não tinha mais vontade de sair, mal andava pela casa. Nova bateria de exames foi feita na manhã do
dia 29 com pedido de resultado urgente. Então veio a bomba... o linfoma tinha
avançado e muito rápido. Estava claro que se tratava de uma doença que faz uso
de disfarce. Permanece estrategicamente silenciosa e escondida e, de repente,
mostra a cara.
Depois do
almoço ela piorou e em questão de duas ou três horas entrou em colapso. Não
posso dizer que ela não sofreu nada. Mas posso agradecer por ter sido um
sofrimento de poucas horas durante as quais pude estar do lado dela. Foi muito
triste... muito doído... muito angustiante... para nós duas.... mas ao menos
tive a chance de me despedir, de beijá-la, de repetir inúmeras vezes: eu te amo
eu te amo eu te amo. E eu rezo para que em toda a viagem dela esse mantra de
amor possa ter sido ouvido por ela porque "eu realmente tenho um AMOR LOUCO por você, minha linda Cinderela".
Deixo um conselho para pessoas que
tratam de gatinhos com linfoma:
dêem B12
INJETÁVEL (citoneurim 5000) se seu gatinho começar a ficar sem coordenação
motora. Os veterinários se dividem. Alguns acham que a vitamina piora o limfoma,
outros acham que é bom dar. Eu pude ver, em todas as crises da Ághata, que essa
vitamina ajudou na recuperação, pois, muitas vezes, a falta de coordenação
impede que o animalzinho se alimente direito. Restabelecida a coordenação,
especialmente da cabecinha, eles voltam a comer.
Dêem
COBAVITAL (que é para abrir o apetite) – a Ághata respondeu muito bem durante
um ano e meio a esse remédio (sempre comeu mais que a Dianna e a Rebecca), mas
não respondeu à Martizapina que é um ansiolítico humano que está sendo usado em
cães e gatos com finalidade de abrir o apetite. Vocês podem até tentar a
Martizapina, mas se não der resultado, tentem o cobavital.
Se puderem,
se a situação permitir, evitem tratamentos fortes e radicais como radioterapia
etc. O quimioterápico LEUKERAN tem baixo efeito colateral, não é caro, é
pequenininho e fácil de dar, e a Ághata tb conviveu muito bem com ele todo esse
tempo. Remédios mais fortes a teriam levado embora muito mais cedo.
EVITEM ATUM
EM LATA mesmo sendo atum em água ou natural. Os assassinos corpúsculos de Heinz
(que citei acima) podem ser gerados pelo consumo de cebola e alho. A Ághata, em
janeiro, comia até uma lata de atum natural em água. Na descrição do produto
não vemos cebola e alho, mas em se tratando de um produto que precisa de algum
condimento e conservantes, pode ser que essas latas de atum possuam sim algum
componente que estimula a formação dos corpúsculos. Eu cortei o atum e, como
dito acima, Ághata se livrou desses corpúsculos que estavam em grande
quantidade em seu corpinho.
E AMOR nem preciso receitar... sei que todos
vcs têm de monte por seus queridos cães e gatos. E acreditem, ele é essencial,
vital...