O gatinho da
foto, batizado de Criança, teve PIF (Peritonite Infecciosa Felina) e quase
ficou tetraplégico. Na foto acima ele está com a roupinha que usou na formatura
da “Escola da Vida”, feita por sua tutora que comemorou uma vitória “suada”
contra a doença. O remédio usado por Criança, durante 84 dias de tratamento, consumiu 25 mil reais conseguidos por meio de vakinha e campanhas no facebook.
“Hoje
Criança anda, brinca, pula e até corre, não com a velocidade dos outros gatos
que temos em casa, mas consegue correr e subir nas coisas”, conta Bianca Vasconcelos
Purificação de Santana, de SP. Criança foi encontrado pelo marido de Bianca
abandonado dentro de um balde com um pano. Era só um bebê com os olhinhos ainda
fechados. Bianca o alimentou com mamadeira e percebeu a doença quando o gatinho
chegou aos oito meses de idade.
Gatinho Criança quando foi resgatado
Ela foi
informada sobre o remédio, mas teve que importar da China. “Com 40 dias de medicação injetável ele teve muitas feridinhas
na pele e aí mudamos para as cápsulas que são ainda mais caras. Tem os remédios
similares, mas são igualmente caros”, explica.
Bianca se
refere a um remédio que falhou no combate ao ebola, mas mostrou-se eficaz
contra o coronavírus que causa a PIF (e que não é transmissível aos humanos e
nem aos cães). Mas o que seria o fim do sofrimento dos gatos com PIF tem hoje
outro destino: o mesmo componente está sendo usado em testes contra a covid-19.
O
laboratório Gilead Science, especializado no desenvolvimento de antivirais, se
recusa a liberar a patente para uso em animais temendo perder a “corrida” para
a cura da covid-19. Isso porque efeitos colaterais em gatos podem desmotivar os investidores para pesquisas com o uso do mesmo fármaco na cura da covid-19.
Pelo menos é o que diz a matéria da Folha “Antiviral que falhou contra o ebola cura gatos com coronavírus da PIF”, que pode ser acessada AQUI. Lá há uma explicação mais detalhada sobre a postura nada solidária da empresa.
Triste não?
Como as pessoas envolvidas numa missão tão importante como a de salvar vidas
podem estar negando a salvação de milhares delas? Toda vida importa.
Não podiam liberar o remédio para os gatos, obviamente a um preço acessível e,
ao mesmo tempo, continuar os testes com covid-19?
Gatinho Criança quando estava completamente debilitado. Sua vida foi salva com um remédio caríssimo, mas que demonstrou curar a temida PIF
A matéria da Folha diz também que nas redes sociais há grupos
fechados com milhares de tutores e veterinários tentando facilitar o acesso ao medicamento.
E cita uma pesquisa
publicada no ano passado no “Journal of Feline Medicine and Surgery”, onde 31
gatos com PIF foram tratados por 12 semanas com o fármaco da Gilead Science.
Dos 31 animais, 25 deles ficaram saudáveis 18 meses após o final das aplicações
e, até hoje, passados três anos do final do tratamento, eles permanecem
assintomáticos.
No passado, segundo a Folha, a Gilead também não quis liberar o remédio para uso em gatos
temendo que efeitos colaterais impedissem investimentos para a cura do
Ebola. Adiantou? Não! O fármaco foi reprovado no combate à doença humana.
Agora parece
que a cena se repete. Milhões de gatos poderiam ser salvos. Milhões de tutores
poderiam respirar mais aliviados. Milhões de veterinários teriam uma opção de
cura em mãos. Mas a Gilead parece querer que os investidores olhem para esse remédio como algo milagroso contra a covid-19. Inclusive, para quem quiser saber mais sobre o assunto, o site da empresa já fala dos tais testes contra covid-19. Acesse AQUI
Atenção
Fátima ChuEcco
Jornalista/Escritora