Quem dera todas as pet shops dessem "emprego" aos gatos como esse assumido pelo Pedro. Sim... ele é recepcionista da Pet Shop Pro Amigo, no bairro da Aclimação, em SP. Recebe e encanta a clientela e, claro, tem gente que vai até lá especialmente para vê-lo.
Mas a vida de Pedro já foi bem mais dura vivendo nas ruas:
"Pedro apareceu na rua onde minha mãe mora já adulto e ficou lá por dois anos. Alimentávamos ele na calçada todos os dias durante esse tempo. Ele era muito arisco e não permitia aproximação", conta Andressa, a proprietária da pet shop.
"Um dia ele apareceu machucado e foi necessário resgatá-lo. Não foi fácil, mas conseguimos. Levei para a clinica para oferecer os cuidados, depois castramos e o mantivemos numa baia até a recuperação. Era difícil manipulá-lo. Tinha dia que conseguíamos tratar dele e noutros não, mas aos poucos ele foi se rendendo aos nossos carinhos", continua.
Pedro foi então ficando solto no consultório da clínica (que fica dentro da pet shop) sem demonstrar interesse de ir para a rua novamente.
"E assim fomos liberando mais espaço para ele. Hoje Pedro fica solto na loja e não quer por o pezinho na rua por nada... hahaha. É super carinhoso conosco. Chegamos a tropeçar nele porque não sai do nosso pé. Porém, adora dar mordidinhas de amor. Faz sucesso entre os clientes e alguns até pedem para adotá-lo, mas nós não conseguimos viver sem ele!".
Gostou da historinha? Bonita não?!
Seria tão bom todos cães e gatos sem lar terem um lugarzinho reservado nas pet shops, né gente?!
Mas vale um alerta nesse caso do Pedro:
Embora ele tenha preferido a loja no lugar da rua, isso não quer dizer que foi efeito da castração. Muitos gatos castrados, tanto machos quanto fêmeas, continuam interessados em passear e explorar novos ambientes. Castração não muda a personalidade do bichano. O objetivo da castração é promover saúde (no caso das fêmeas evitar câncer de mama) e impedir a procriação, o que resultaria em mais gatinhos nas ruas abandonados e sofrendo.
Faço questão de frisar isso porque sempre vejo tutoras reclamando que o gato castrado continua querendo sair e, por vezes, até foge de casa. Infelizmente, muita gente acaba não colocando redes de proteção nas janelas e sacadas achando que não tem mais perigo do gato dar umas voltinhas por conta própria. Mas a rua continua sendo um apetitoso convite à liberdade mesmo para alguns gatos castrados.
Eu mesma tenho uma gata castrada, a Dianna, que fugiu por um único vitrô do apartamento que não estava telado. Nunca imaginei que ela se esforçaria tanto para ir dar uma "voltinha". Tinha rede em todo lugar, menos nesse vitrô e foi justamente por onde ela saiu. Felizmente consegui recuperá-la.
Certamente, o que fez Pedro "mudar de opinião" com relação à viver na rua na foi a castração e sim toda a atenção e carinho que recebeu, além de refeições garantidas todos os dias.
Emprego, comida, cama, amor e pelo lavado... quem não quer?
Fátima ChuEcco - jornalista e escritora