Para contar como o gato de cor
negra acabou sendo tratado como animal maldito é preciso lembrar que ele
começou a ser brutalmente assassinado muito antes do período conhecido como
“Caça às Bruxas”, quando muitas mulheres foram queimadas vivas diante de uma
plateia insana que vibrava com cada execução em praça pública. Os gatos foram
decretados inimigos da humanidade pela Igreja Católica e não se sabe bem o
motivo uma vez que na Bíblia não há nenhuma menção favorável ou negativa
referente aos gatos. Eles simplesmente não são citados em nenhuma passagem
bíblica.
O Papa Gregório IX, em 1232, fundou a Santa Inquisição que durante
seis séculos perseguiu mulheres, homossexuais, judeus, ateus, gatos e seus
admiradores. Ele afirmava que “o diabólico gato preto, cor do mal e da
vergonha, havia caído das nuvens para a infelicidade dos homens”. A estratégia
da Igreja Católica da época para atacar os celtas foi pregar que eles eram
bruxos.
Como os celtas costumavam viver
isolados e rodeados de gatos, os animais foram associados as trevas,
especialmente por terem hábitos noturnos. Para se ter uma ideia da barbárie
cometida contra os gatos basta citar que foram emparedados vivos para garantir
a solidez de casas, igrejas e castelos. Foram lançados do alto de muralhas e,
como todos sabem, queimados vivos junto com as bruxas.
Mas o extermínio dos gatos teve graves consequências. Entre 1347
e 1350 a Europa sofreu com a Peste Negra ou Bubônica. A bactéria Yersinia
pestis residia na pulga do rato preto indiano que chegou à Europa por meio de
embarcações. Como última alternativa de controle da doença os gatos foram
readmitidos nas cidades e somente assim a epidemia teve fim.
Uma missão tão fundamental poderia ter absolvido os felinos de
novas perseguições, porém, mais uma vez a Igreja culpou os gatos pela peste e
deu continuidade a uma dura perseguição.
Exatamente um século depois, em 1450, o assassinato,
principalmente de mulheres, se intensificou a ponto de sinais como verrugas e
sardas serem, para os católicos, indício de que as pessoas tinham pacto com o
demônio. Mas não era só isso. Muitas dessas mulheres foram ganhando inimigos
porque eram curandeiras. Elas conheciam muito bem ervas, atuavam como
enfermeiras e parteiras.
Obviamente, a classe médica que
era majoritariamente masculina, não gostou da atuação delas. A partir disso
criou-se uma histeria na comunidade e as bruxas passaram a ser odiadas por
todos e, de quebra, também os gatos que, normalmente, conviviam com elas e já
traziam um longo histórico de perseguição por parte da Igreja Católica.
Em 1484, outro Papa, Inocêncio VIII, novamente declarou ódio aos
gatos e milhares de pessoas foram torturadas para confessar que atuavam junto a
Satanás. Quando não confessavam eram queimadas vivas e se confessassem tinham a
“misericórdia” de serem estranguladas antes de serem jogadas na fogueira.
Para ser considerado um
feiticeiro bastava ter um gato.
O Dia de Todos os Santos passou a
ser comemorado com o arremesso de sacos cheios de gatos vivos para dentro de
fogueiras. Rituais com tortura de gatos foram também acrescentados as
comemorações de São Vito e Páscoa.
A Caça às Bruxas só teve fim por
volta de 1750, ou seja, 300 anos depois.
Campanha da Ampara Animal de 2017
No século XVIII a Igreja Católica aboliu leis contra a
feitiçaria e não mais pregou contra os gatos. O cardeal Richelieu, inclusive,
teve muitos gatos, mas um deles, preto, era chamado de Lúcifer. E um dado
interessante: Isaac Newton, que na época já gozava de prestígio, motivou a
simpatia pelos felinos criando a portinhola, muito comum na Europa para que os
gatos pudessem entrar e sair das casas.
No século XIX são aprovadas na Inglaterra as primeiras leis para
combater crueldade contra animais e criadas organizações em defesa dos bichos.
De lá para cá admiradores dos felinos, muitos bem famosos, foram surgindo. Lord
Byron escreveu “O gato possui a beleza sem a vaidade, a força sem a insolência,
a coragem sem a ferocidade, todas as virtudes do homem sem os vícios”. Victor
Hugo, Charles Baudelaire, Mark Twain, Pablo Neruda, Chopin, Liszt, Monet,
Renoir, entre outros também se declararam amantes dos gatos.
Texto e pesquisa: Fátima Chu🌎Ecco, jornalista especializada em pets 🐶, escritora e gatóloga 😸. Fundadora da www.miaubookecia.com (especializada em fotolivros sobre animais e crianças) e da http://buscacats.blogspot.com (única consultoria especializada em gatos perdidos). Ministra a palestra "O Poder Curativo dos Gatos", em breve em formato de livro e faz numerologia associada ao Tarô dos Gatos e dos Cachorros. 😸😻😺🐕🐈
Autora do clássico "Mi-AU Book - Um Livro Pet-Solidário" que teve participação da Brigitte Bardot em sua segunda edição e do livro "Ághata Borralheira (Cat) e Amigos tocando corações" com participação de bichinhos brasileiros e estrangeiros. Participante de várias coletâneas literárias sobre animais. 😻🐶🐒🐦🐞
Atuou com os Gorilas das Montanhas da República Democrática do Congo, Rancho dos Gnomos (Brasil) e foi por 11 anos colaboradora da Anda - Agência de Notícias de Direitos Animais, além de colunista das Revista Meu Pet e 7 Dias com Você, e do portal português Miaumagazine. No SBT Repórter editou e produziu o programa "Bichos" que destacou animais de moradores de rua. Veja trajetória completa no lado direito do blog 🐱🐶🐵🐰🐭🐾🐾🐾
Nos sites da igreja católica, ela tenta se defender que não são responsaveis pela inquisição. como papa teria enviado uma bula ao Imperador alemão Frederico II e ao Arcebispo de Meinz pedia simplesmente providências para deter a heresia de adoração ao demônio na Alemanha. determinado culto satânico que envolvia gatos – mais especificamente, a estátua de um gato preto.A igreja católica naquela ėpoca era soberana, sua palavra era lei.Pra que o papa iria mandar uma bula ao imperador alemão e ao arcebispo não tivesse influências sobres eles na época?
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