Nega viveu 16 anos na Alesp
Você sabia que animais comunitários têm direitos?
A Lei Feliciano Filho (Nº 12.916 de
2008) que deu fim as chamadas “carrocinhas” e passou a proibir a matança indiscriminada
de animais, também estabelece a proteção do “cão comunitário”, ou seja, aquele
animal que vive na rua, mas é assistido por vários moradores ou comerciantes locais.
Esse animal deve ser castrado, vacinado e identificado pelos CCZ e canis municipais, e devolvido ao seu
local de origem – uma grande solução para evitar a procriação desenfreada e, ao
mesmo tempo, evitar a superlotação de abrigos e do próprio CCZ.
Nega, também conhecida como Nina, é um
belo exemplo de cão comunitário, pois, viveu 15 anos na Alesp – Assembléia
Legislativa de SP, vindo a falecer este ano. Ela entrou na Alesp para dar à luz
a 11 filhotes. Num primeiro momento foi acolhida pelos PMs e em especial pelo
Cabo PM Kiyoharu: “Ela foi ficando e se apegando aos PMs, inclusive,
acompanhava a ronda noturna se comportando exatamente como um cão policial sem
nunca ter sido treinada para isso. Ficava em posição de ataque, mas nada fazia
se não recebia um comando”, conta.
Nega tinha várias roupinhas
Certa ocasião chamaram a “carrocinha”
para capturá-la e todos sabiam que, naquela época, anterior à Lei Feliciano,
sua morte seria certa e dolorosa. Então várias pessoas interviram a favor da cachorrinha que acabou conquistando definitivamente seu
espaço na Alesp, com direito à cama, banho, comida e veterinário.
“Ela pegava duas salsichas diariamente
numa kombi que vendia lanches e entregava uma delas na boca de outro cachorrinho
que passou a frequentar a Alesp, o Neguinho. Era emocionante ver a amizade dos
dois”, conta Feliciano.
Segundo Vitória Frugoli,
primeira-secretária da Aspal – Associação dos Servidores Aposentados e
Pensionistas da Alesp, Neguinho, também conhecido por Tico, era de um
carroceiro que o amarrava numa grade e batia nele com pau. “Então os PMs da
Alesp avisaram que tirariam o cachorro dele se aquela crueldade continuasse, e
assim foi. No entanto, Tico nunca permitiu nossa aproximação ou qualquer agrado.
Ele era bastante traumatizado”, conta.
Vitória também cuidava da Nega e fazia
suas roupinhas, incluindo capa de chuva para as rondas noturnas: “Ela era muito
inteligente. Tomava elevador sozinha e descia exatamente no andar dos PMs.
Ficava esperando o elevador abrir, entrava e descia no andar correto”, conta
emocionada com a perda da companheirinha de tantos anos.
Negão virou segurança de condomínio
Negão é conhecido do condomínio
A jornalista Juliana Menezes, de SP,
cuida do Negão, um simpático vira-lata de 16 anos. “Moro em um condomínio no
bairro de Santana com 10 prédios e o Negão vive nos fundos. Ele chegou na
construção com os pedreiros e tinha uma outra cachorrinha, a Neguinha, que foi
doada para um amigo meu de faculdade, pois, era muito brava e atacava alguns
moradores. Já o Negão é tranquilo, adora crianças, os moradores, e passeia
comigo sempre na praça próxima ao prédio”, relata.
Segundo a jornalista, Negão é um cão
grande, com 30 kg, mas muito calmo e bem conhecido no bairro: “Estamos tratando
dele há 9 anos. Seu tamanho impressiona, mas é muito manso. Para se ter uma
ideia, ele divide a ração com uma pombinha que é amiga dele. Ele só não gosta
de outros cães. Se algum cachorro de rua se aproxima do condomínio ele ataca
para defender a casa dele. É como um cão comunitário que faz a segurança do
prédio”. Negão recebe ração e cuidados
veterinários rateados entre Juliana e outros dois vizinhos.
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