Algumas pessoas falam assim: "Cuido deles enquanto viver... faço de tudo por eles enquanto eu estiver aqui". Mas não é certo deixar os animais entregues à própria sorte. Aliás, que amor é esse que não se preocupa com o futuro dos que ficam?
O tutor que pensa assim, na verdade, está cometendo uma espécie de abandono, só que ao invés de ser abandono em vida é abandono em morte.
Além disso, testamento não é só para quem tem bens materiais ou fortunas. Claro que se o tutor tiver uma casa, um carro, uma boa poupança no banco, obras de arte... enfim... algo que possa reverter aos seus animais, realmente deve fazer isso e "em vida" via testamento.
Mas um testamento, inclusive, manuscrito, pode deixar pequenos bens, eletrodomésticos e até instruções médicas e de nutrição sobre os animais. Tem que deixar tudo "anotadinho" principalmente se tiver algum bichinho diabético, renal, que carece de alimentação especial ou tratamento médico.
Não quer escrever testamento? Então pelo menos deixa um recado bem visível colado na geladeira para que as pessoas saibam do que os animais necessitam.
Segundo o Código Civil brasileiro é possível deixar de 50% a 100% da herança para uma ONG ou pessoa que se comprometa a cuidar de seus animais. No caso de você ter os chamados "herdeiros necessários" que são os cônjuges, descendentes (filhos, netos e bisnetos) e ascendentes (pais, avós e bisavós), esses herdeiros, por lei, ficam com 50% e você pode destinar os outros 50% para quem quiser.
Irmãos, tios e primos não são herdeiros necessários e eles só ficam com a herança se não houver um testamento destinando a mesma para outras pessoas ou entidades.
A escritora Nélida Piñon, por exemplo, falecida em dezembro último, deixou toda sua herança, que incluía quatro imóveis no Rio, para suas duas cachorrinhas, Suzy e Pilara. Uma assistente que acompanhou Nélida por 25 anos foi designada no testamento como tutora das cadelinhas e administradora dos bens. Abaixo Nélida com as duas cachorrinhas em foto de arquivo pessoal:
Vemos com frequência casos dramáticos de parentes dando literalmente um fim (nada digno) aos animais da pessoa que morreu. Soltam longe da casa, em qualquer lugar ou fazem coisa pior. Então deixar um testamento que dê um pouco de segurança aos animais é essencial.
Uma das matérias mais lidas desse blog abordou esse tema de forma bem completa, inclusive, ensinando a fazer um testamento simples, do próprio punho e que tem sim validade.
Leia clicando AQUI ou https://jornalistafatima.blogspot.com/2021/01/no-brasil-e-permitido-deixar-de-50-100.html
Texto: Fátima ChuEcco jornalista, escritora, fundadora da @buscacats
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