domingo, 27 de abril de 2014

COBAIAS. AINDA SÃO NECESSÁRIAS? NA USP NÃO.




Outro dia assisti uma matéria na TV Aberta que me fez ver como apesar dos atrasos na medicina, tem gente na vanguarda, abrindo caminho para novos métodos e desatolando a mente de uma ciência arcaica. Fiquei sabendo, por exemplo, que na faculdade de medicina veterinária da USP, não se usa mais cobaias. A diretora do curso explicou que os alunos viviam sob intenso estresse e desgaste ao ver os animais saudáveis sendo sacrificados o que, aliás, contradiz a própria missão da profissão que é a de salvar vidas. Ela comentou que esse estresse sumiu ao ser adotado novo método de ensino.

A USP utiliza cadáveres doados pelos donos dos animais tratados no hospital veterinário da faculdade. Eles podem ser usados muito mais vezes que um animal vivo que só dura até o dia do experimento. Foi comentado que era comum (e ainda é em algumas faculdades) mostrar a reação de um animal submetido à estricnina. O bicho ficava convulsionando na frente dos alunos apenas para provar que tinha sido envenenado. Há séculos se sabe q a estricnina é venenosa e não tem a menor lógica submeter vidas ao veneno para que os futuros médicos e veterinários saibam disso.


Um dos professores menciona que um argumento usado pelos médicos tradicionais é que os alunos precisam ver ao vivo sangue, veias, órgãos internos, mas isso é feito no último ano e durante o estágio com situações reais nos hospitais e pronto-socorros. Além disso, o curso da USP utiliza modelos simuladores desde o primeiro ano, o que possibilita os alunos a testarem reações e conhecerem perfeitamente o corpo por dentro desde cedo.

Filósofos falaram sobre a delicada questão de ensinar a salvar vidas matando outras em vão... e digo em vão porque os testes não precisam usar cobaias. Esse tempo já passou e a medicina só pode evoluir se investir em novos métodos e conceitos. Ao meu ver, uma forma de conseguir bons veterinários é no atendimento real de animais que precisam de ajuda. Se todas as faculdades de veterinária criassem parcerias com hospitais públicos, muitos bichinhos carentes poderiam ser salvos e os alunos teriam aula em ambiente real. Aliás, se as próprias faculdades mantivessem hospitais públicos, o aprendizado seria infinitamente mais rico, sem cobaias e ainda colocando em prática a missão de salvar vidas


Um dos entrevistados do programa conta que, quando era aluno de veterinária, sequestrou um cachorro-cobaia da mesa de cirurgia e que aquilo mexeu com o íntimo dos demais alunos e tb dos professores. Não foi um ato de vandalismo – ele conta. Mas uma maneira de tentar chamar a atenção das pessoas para o que estavam fazendo com animais indefesos e que não acrescentaria em nada no aprendizado, muito pelo contrário, criava desconforto.

Qual é a sensação que mais tememos na vida? Acho que é a dor física. Nem o frio, nem o calor são tão insuportáveis quanto a dor física de um corte, de uma queimadura, de uma interferência qualquer na carne ou em um de nossos órgãos. Se os animais sentem frio e calor, também sentem dor. Isso é incontestável. Logo... o que as faculdades de medicina e veterinária fazem é gerar “dor” (muitos dos testes são sem anestesia).... dor desnecessária e, portanto, cruel. E mesmo quando há uso de anestesia, essas cobaias sofrem cada instante de seu isolamento, pressentindo o pior e vivendo angústia e medo - outras emoções tb incontestáveis nos demais animais.

No processo evolutivo da medicina as cobaias foram, em determinada época, a única opção em que os pesquisadores podiam pensar. Mas estamos no século XXI e hoje há muitas outras opções. Basta abrir a mente e sair da areia movediça que mantém a vivissecção na ativa.  O melhor é treinar salvando e há muitos animais doentes e feridos esperando serem salvos. Basta estabelecer um meio de tratar desses bichos. Os alunos podem exigir isso com a fortuna que pagam as faculdades. Isso sim seria um aprendizado eficiente e ético.

ONDE ENCONTRAR SIMULADORES/BONECOS PARA USO VETERINÁRIO: http://www.civiam.com.br/civiam/index.php/habilidades-skill-trainers/veterinaria/manequins-simuladores-veterinarios-avancados.html

DICA DE LEITURA SOBRE O TEMA:
"O ÚLTIMO TESTE" de Ricardo Laurino - trata justamente da questão do uso de animais em faculdades e laboratórios com uma suposta solução narrada em meio a muita ação e suspense.

2 comentários:

  1. Muito bom o post!
    Existe um livro que trata muito bem desse tema também, é maravilhoso, estou terminando de ler. Se chama Libertação Animal, do autor Peter Singer :)

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  2. Espero que isso realmente acabe!!!!

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