domingo, 31 de agosto de 2014

MÃE É MÃE EM QUALQUER ESPÉCIE - POR ISSO NÃO SE DEVE COMPRAR ANIMAIS





 
O principal argumento contra a compra de filhotes de cães e gatos é que já há muitos animais abandonados precisando de um lar, mas creio que existe outro fator ainda mais crucial que é a vida que levam essas “mãezinhas” separadas dos filhotes logo após o parto, impedidas de cuidarem deles e de exercerem o que há de mais lindo, natural e forte na natureza delas: o instinto maternal. Os filhotes são em geral mantidos em estufa e colocados perto delas apenas para mamarem. Não é permitida a interação mãe/filhote e isso é, no mínimo, angustiante.
 
 
Por isso, por mais que um criadouro esteja completamente legalizado e obedecendo as regras de acomodação, alimentação e higiene, não dá pra negar que essas “mãezinhas” levam uma triste vida, pois, elas não recebem amor, não têm um lar, uma família e não convivem com outros animais. Passam a vida, na melhor das hipóteses, em baias com algum sol, comida, água e enfrentam a agonia de verem seus filhotes sendo levados embora, ainda quando recém-nascidos, cria após cria. Dá pra dizer que esse tratamento é ético apenas porque respeita normas de alimentação, acomodação e higiene?
 
Quem tem qualquer animal sabe o quanto os bichos são extremamente emocionais. E para quem é mãe, imagine ser mantida num quarto com alimento, uma cama e aguardando a hora de perder os filhos novamente. Nem estou me referindo aos criadouros pavorosos que toda hora são denunciados. Em alguns as fêmeas são amordaçadas, amarradas e sofrem estupro por parte dos machos. Mas estou falando de criadouros “dentro da lei” porque, em geral, as pessoas desconhecem que há também muito sofrimento neles.
 
 
Vou citar um exemplo concreto só para ajudar a ilustrar a situação que vivem esses animais.

Muito tempo atrás, quando a castração ainda era pouco difundida, eu tinha uma amiga cuja mãe afogava no tanque os bebês de uma cachorra da família.  Foram várias crias com esse cenário de horror. Certa vez, desesperada, a cachorrinha escondeu os filhotes no forro da casa. Infelizmente, os bebês foram achados e mortos. Minha amiga dizia que não conseguia impedir pq a mãe agia quando ela não estava em casa. Estou usando esse exemplo, que me marcou “demais”, pra mostrar o quanto aquela cachorrinha, apesar de nunca ter amamentado uma cria, tinha o desejo “latente” de criar seus filhotes. Imaginem o desespero dela cada vez que paria e a dona da casa vinha retirar os bebês para afogá-los.
 
 
Agora é só transferir essa situação para os criadouros. Imaginem o desespero daquelas mãezinhas cada vez que elas dão cria sabendo que um humano virá arrancar os filhotes. Se elas pudessem, também esconderiam as crias. Algumas chegam a deitar sobre os bebês tentando protegê-los sem noção que podem até mesmo esmagá-los. Outras reagem com agressividade e já estão com a parte emocional tão danificada que podem até matar os filhotes. É nesse cenário de dor, de angústia e de desespero que nascem os filhotes vendidos no mercado... mesmo os vindos de criadouros que seguem as normas previstas por lei.

Vale lembrar que essas cadelinhas dão cria num grande estado de estresse, de aflição, e que isso também não é saudável para os bebês.

Essas cachorrinhas ou gatinhas são, antes de tudo, mães, com emoções e necessidades iguais das mães de qualquer outra espécie, inclusive das mães humanas. Talvez, antes de imaginar como são os bastidores dos criadouros, vc tenha comprado um ou mais bichos, mas pode deixar de fazer isso e pode esclarecer outras pessoas que querem comprar. Nenhum criadouro pode ser ético porque separar precocemente mães e filhos não é ético... porque impedir o contato entre mães e filhos não é ético... porque comercializar vidas não é ético.

É muito difícil mudar a mentalidade de um criador. Se ele assiste esse sofrimento todo e não se compadece, não conseguirá se colocar um só minuto no lugar daqueles animais aprisionados para dar cria. Mas é possível mudar a mentalidade de quem compra esclarecendo sobre os “bastidores”.

É como aconteceu com os circos. Dono de circo jamais admitiu que os animais sofriam, mas a verdade foi vindo à tona e muitos frequentadores deixaram de ir a esses espetáculos de dor. O mesmo tem acontecido com os rodeios.

Então, se vc se sente esclarecido sobre isso, passe adiante seu conhecimento da situação para que mais pessoas desistam de comprar animais... de qualquer tipo. Não podemos impedir o funcionamento dos criadouros que seguem as normas, mas podemos abrir a mente das pessoas que ainda não conseguem imaginar como é a vida das “mãezinhas”. O argumento de que “comprar um animal tira a chance de outro ser adotado” é legítimo também, mas não atinge tanto as pessoas porque também poderíamos dizer as mulheres: não tenham filhos pq há muitas crianças, no mundo todo, abandonadas e passando fome. As mulheres “querem” ter filhos com seu sangue, seu DNA... pelo menos a maioria delas. Elas pensam: lamento por essas crianças, mas não é minha obrigação adotá-las.... não sou responsável por essa situação q elas enfrentam e tenho direito de ter um filho meu.

Seguindo a mesma linha de pensamento e ação, muitas pessoas querem ter filhotes de raça, perfeitos e higienizados pq elas simplesmente pensam: não é minha culpa ter tanto cachorro nas ruas e nem é minha obrigação tirá-los de lá, além disso, tenho direito de ter um bicho de raça.

Direito tem, mas é preciso avaliar o que essa “aquisição” acarreta.

 
Por isso é tão importante, cada vez mais, trazer à luz a miserável vida que levam as “mãezinhas” dos criadouros. A pessoa pode nunca ter abandonado um animal na rua, mas ao comprar um animal não escapa da responsabilidade de estar contribuindo para o sofrimento dos animais mantidos apenas para darem cria e, como disse no início, sem um lar, sem família, sem amor, passando a vida dentro de jaulas (que muitos amenizam chamando de baias) e separados bruscamente dos filhotes...

Passe isso adiante pq se a pessoa não se sente responsável pelo abandono de animais e nem com obrigação de adotar, pelo menos vai ser informada sobre sua responsabilidade em contribuir com esse pavoroso comércio de vidas.

 

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