sexta-feira, 11 de março de 2016

INSPIRAÇÃO! CADELA RECEBE MARCAPASSO SEM SER COBAIA

                                              Joana ganhou marcapasso e passa bem (SP)

Vejam que coisa bacana de tomar conhecimento e espalhar, especialmente para professores e alunos de Veterinária já que a vivissecção é uma das piores coisas que fazemos contra os animais. A cachorrinha Joana recebeu no dia 3 deste mês o implante de um aparelho de marcapasso e passa bem, mas ela de fato “precisava” do procedimento. A cirurgia, realizada por meio de uma parceria entre a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) e a Faculdade de Medicina (FM) da Unesp de Botucatu, beneficiou Joana e os estudantes que acompanharam tudo... e ainda pode beneficiar mais estudantes caso a operação tenha sido gravada.

Venho constantemente abordando o assunto de cobaias em faculdades de medicina veterinária que, além de ser uma crueldade sem tamanho, não contribui para o ensino e nem para o avanço de estudos sobre tratamentos. O mais ético, inteligente e eficiente é os estudantes tratarem animais que de fato estão doentes. Há centenas de cães e gatos morrendo sem socorro porque seus tutores não podem arcar com clínicas veterinárias. Por que ao invés de manter um biotério (que tem alto custo) e causar dor e sequelas em animais saudáveis, muitas vezes bem jovens (com três e quatro meses de idade), esses alunos não aprendem com casos “reais”?

No final de 2015 as redes sociais se agitaram com o caso de 14 cães retirados das ruas para servirem de cobaias na Universidade Federal de Viçosa (MG) – situação que acompanhei de perto entrevistando especialistas para ajudar a provar a brutalidade a que aqueles animais estavam sendo submetidos. Depois de muita luta de ativistas locais e de SP os 14 cães foram liberados para pessoas que os quisessem adotar por ordem judicial. Apesar da vitória dos ativistas (e do bom senso), os cães deixaram a faculdade cheios de graves sequelas porque foram cortados ligamentos importantes de suas pernas (leia mais em http://www.anda.jor.br/08/12/2015/estao-caes-resgatados-universidade-vicosa ).

         Gabriela adotou Alôncio, um dos 14 cães que foram usados como cobaias na UFV

A veterinária que conduziu a pesquisa já é veterana nesse tipo de estudo arcaico e ainda recebe ajuda financeira de Órgãos de pesquisa para isso (leia uma das minhas matérias sobre o assunto que teve quase 30 mil curtidas em http://www.anda.jor.br/03/12/2015/juiz-ordena-soltura-imediata-caes-universidade-vicosa ). Mas, lamentavelmente, o que acontece em Viçosa se repete em muitas faculdades brasileiras e do Exterior. Solução existe. Já está mais do que provada a eficiência de técnicas que não utilizam cobaias e, como dito acima, seria muito mais produtivo aprender salvando vidas. Afinal... não é esse o objetivo de todo médico... salvar vidas?

                 Francisco adotou o cão Doug, retirado das ruas para servis de cobaia na UFV

Caso Joana
Muita gente se envolveu... vale a pena conhecer esse caso! Reparem que o material publicado pela Unesp (que vcs poderão ler abaixo) cita o nome de todos os envolvidos, professores e alunos, valorizando a atitude ética e profissional de todos. Isso sim é ensino de primeira qualidade! Repassem a universidades de medicina veterinária para motivar uma mudança de posturas arcaicas causadoras de extremo sofrimento a animais saudáveis.

Segundo informações da Unesp, a cachorra Joana foi conduzida ao Hospital Veterinário da Unesp com desmaios muito frequentes e convulsões. Foi examinada pela residente Bárbara Keiko Kichise e pela equipe do Serviço de Cardiologia Veterinária da FMVZ, orientada pela professora Maria Lucia Gomes Lourenço. “O eletrocardiograma da paciente apontou alterações compatíveis com uma enfermidade denominada Síndrome do Nodo Doente, muito comum em fêmeas da raça Schnauzer”, diz o informativo da Unesp.

Um monitoramento de 24 horas dos batimentos cardíacos do animal confirmou o diagnóstico. “Ela apresentou alterações significativas, com pausas longas nos batimentos que provocavam os desmaios. Chegamos a registrar pausas de 8 segundos. Pela gravidade do caso, sabíamos que teríamos resultados parciais com os medicamentos. O que realmente daria sobrevida a ela seria o implante do marcapasso”, explica a pós-graduanda Amanda Sarita Cruz Aleixo.

A equipe do Serviço de Cardiologia Veterinária da FMVZ se mobilizou para buscar viabilizar a implantação de um marcapasso na paciente. O professor Rubens Ramos de Andrade, da Faculdade de Medicina, foi contatado e se dispôs a colaborar no caso. Além de ceder o marcapasso, o professor Rubens, com apoio dos residentes em Medicina André Garzesi e Leonardo Garcia e acompanhamento da equipe da FMVZ, realizou a cirurgia de implantação.

A anestesia foi feita pela equipe do Serviço de Anestesiologia Veterinária da FMVZ, com a residente Carolina Hagy Girotto, a médica veterinária Natache Garofalo, a pós-graduanda Mariana Werneck, sob a supervisão do professor Francisco José Teixeira Neto. Uma medicação importante utilizada no procedimento foi cedida pela professora Patrícia Fidelis de Oliveira, da Faculdade de Medicina.

Antes da cirurgia a proprietária foi alertada sobre a gravidade do caso e a possibilidade de óbito do animal. “Desde o início, ela assumiu os riscos e autorizou o procedimento. Tudo foi feito com muita cautela, com todos os materiais, medicamentos e equipamentos, inclusive os necessários para possíveis intervenções de emergência”, ressalta a pós-graduanda Angélica Affonso.

O procedimento foi muito bem-sucedido. Os membros do Serviço de Cardiologia Veterinária da FMVZ monitoraram a paciente intensivamente nas primeiras 24 horas. Por aproximadamente dois meses o animal será submetido a exames semanais para acompanhar seu estado. A evolução do caso tem agradado a equipe. “Os desmaios cessaram completamente e o animal apresentou uma melhora significativa até o momento”, conta Amanda.

Rosa Maria da Silva, proprietária do animal, atesta o sucesso do procedimento. “Eu achei que minha cachorrinha não ia sobreviver. Mas eles correram com ela, fizeram de tudo, conseguiram o marcapasso. Desde a cirurgia ela não teve nenhum desmaio. Está brincando, se alimentando. Não tenho como agradecer as meninas que cuidaram dela e a professora Malu”.

Marcapasso
Segundo a professora Maria Lucia, a primeira implantação de um marcapasso em cão aconteceu em 1967. Utilizando a técnica de implantação transvenosa, a mesma a que Joana foi submetida, o primeiro procedimento foi realizado em 1976. “A técnica já é preconizada, mas não é feita com tanta frequência no Brasil, inclusive pelo alto custo do aparelho e de todo o procedimento”.

DEPOIMENTO IMPORTANTE
Além da importância da parceria multidiscilplinar entre setores da FMVZ e da FM, a docente salientou os benefícios para o ensino. “Como não é uma cirurgia feita rotineiramente, foi muito importante para que os residentes e pós-graduandos de várias áreas pudessem acompanhar esse procedimento, além de possibilitar a interação com a equipe da Faculdade de Medicina. Agora, temos um exemplo para mostrar sobre colocação de marcapasso em cães. Isso gera um grande interesse nos alunos. Além de atender o animal, todo o processo foi muito produtivo e estimulante em termos didáticos”.

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