sábado, 8 de julho de 2023

Mike viveu uma aventura e tanto nos três meses em que ficou desaparecido


Essa é uma história bem útil para tutores e protetores de gato porque, em primeiro lugar, mostra que gatos encontrados na rua, mesmo em péssimo estado, nem sempre estão abandonados. Por isso é bem importante divulgá-los em grupos de bairros e de animais perdidos do Facebook e do Instagram para ver se estão sendo procurados.

Em segundo lugar, o caso do Mike (gatinho da foto) acende um alerta para tutores de gatos rajados (tigrados). Já é bastante angustiante perder um gato de qualquer cor de pelagem, dados os perigos que sabemos que eles enfrentam nas ruas, mas quando se trata de um gato rajado, que é bem comum em SP, a situação se complica porque fica difícil reconhecê-lo por fotos e até mesmo por vídeos. 

Com o Mike aconteceu isso: a tutora Silvia Grota ficou bastante em dúvida se era mesmo o seu gato que tinha sido resgatado e castrado por uma protetora, e depois levado para um lar temporário. "Num primeiro momento achei muito parecido com o Mike, incluindo o temperamento, mas a pelagem e o rostinho estavam um pouco diferentes. Então tive receio de ficar com um gato que podia ser de outra pessoa", conta.


Ao conversar comigo, instruí Silvia a focar no comportamento do bichinho, pois, sabemos que cada gato tem algumas atitudes únicas, que só eles  fazem. 

"Ele sempre gostou de dormir no chão, especialmente em tapetes e em cima de chinelos e sapatos. Então notei que o gatinho que me entregaram, logo que chegou em casa, procurou exatamente o mesmo tapetinho pra deitar e também um par de chinelos. Além disso, ele gostava de beber água num copo que eu deixo debaixo da samambaia e ele foi beber nesse copo também".

No entanto, teve mais um sinal bem emocionante: o gatinho, sem mais nem menos, subiu no colo do marido da Silvia e deitou no peito dele. Pronto! Depois disso não tinha mais dúvida: era mesmo ele!


Uma aventura incrível (saiba como tudo aconteceu)

Começamos o texto pelo final da história, mas a aventura "perigosa" de Mike teve início no dia 5 de janeiro de 2022 durante um campeonato de futebol e estouro de muitas bombas. Ele se assustou e fugiu por uma janela do banheiro. No dia 18 de março, funcionários do Supermercado Assaí da Cohab I, de Arthur Alvim (2 km distante da Silvia), avisaram uma protetora local da presença de um gato no estacionamento, mas ela não conseguiu pegá-lo.

No entanto, uns dias depois, segundo a protetora de nome Flávia, o mesmo gato apareceu no prédio dela gritando muito. Ela teve a impressão que ele sabia que ali poderia conseguir ajuda. Flávia o recolheu e o levou ao veterinário, pois, estava gripado e com sarna. Depois de tratado também foi castrado. E, por fim, transferido a um lar temporário oferecido pela Priscila, amiga da Flávia.

Calma que a história não termina aqui e tem mais acontecimentos incríveis!

Priscila mora a apenas 500 metros da Silvia.  Ela anunciou Mike, que a essa altura era chamado de "Flavinho" (por causa da Flávia que o resgatou), num grupo do Facebook destinado a moradores da Cidade Patriarca. Então a Rosângela, ao ver o post, avisou a Silvia sobre um gato muito parecido com o Mike (também postado nesse mesmo grupo). Reparem:

Depois de ir parar 2km longe de casa, o gatinho estava agora apenas 500 metros distante da tutora. Arrepiou?

Aqui vale lembrar que, certamente, Mike não foi andando da Cidade Patriarca até Arthur Alvim. Em geral, quando gatos fogem de casa eles se escondem na vizinhança, no mesmo quarteirão de casa e, algumas vezes, dependendo do que passaram, ficam a um ou dois quarteirões próximos. Por isso é tão importante, assim que notar que o gato fugiu, procurar intensamente na vizinhança.

Mas algumas vezes eles se escondem em motores de carros fugindo de cães ou de crianças/pessoas que tentam pegá-los por algum motivo. E dessa forma acabam parando em outro bairro porque descem assim que o carro estaciona. Alguns podem ficar bem feridos nessa "viagem", mas outros conseguem sair ilesos e então, sem saber voltar para casa, procuram se virar nos arredores.

Gatos mudam de cor SIM!!!

Anotem essa dica: gato muda de cor SIM! Isso acontece por motivo de doença, desnutrição, anemia, problemas hepáticos e exposição excessiva ao sol. E quando um gato emagrece muito na rua e a pele despenca, suas listras e manchas também podem dar a impressão de estarem diferentes.

Assim, uma pelagem originalmente marrom ou cinza escura pode clarear ou ficar com tons dourados. Tons pretos podem ficar amarronzados. Pelagem branca pode amarelar. Eu mesma tive uma gata preta  de patinhas brancas que, por razão de um linfoma acompanhado por períodos de anemia, foi ficando "ruiva". Primeiramente, a pelagem preta foi ficando marrom e depois alaranjada. Tem até um "filminho" dessa minha gatinha chamada Ághata Borralheira falando disso:


Então, que o caso do Mike sirva de exemplo e também de inspiração. Quem perdeu um gato rajado não deve descartar a hipótese de ter reencontrado seu bichano apenas se baseando em sua aparência. A vida na rua é dura, maltrata, deixa os animais abatidos e diferentes. 

O ideal é observar o comportamento deles para captar  hábitos e manias que só eles tinham. Mas mesmo para isso é necessário dar um tempo. Nem sempre eles se revelam imediatamente. Traumatizados e por vezes doentes, talvez não manifestem nenhum sinal "conhecido" do tutor nos primeiros dias de volta para casa. 

Quando capturei com gatoeira uma gatinha rajada que achei que fosse a minha Rebecca Selvagem, sumida há 37 dias, também fiquei em dúvida. Ela, que já era arisca, estava 10 vezes mais brava e se debatia na gaiola como uma fera. Deixei-a no meu quarto uma semana, separada de minhas outras gatas, para que ficasse mais tranquila. Mas mesmo depois desse período, ainda ficou mais uns dias vivendo dentro do guarda-roupas.

Eu achava que era a Rebecca, mas não tinha certeza. Estava pele e osso. A pelagem parecia mais escura e os olhos menores. Então, quando finalmente começou a se aproximar, numa noite em que eu estava deitada no sofá, ela subiu em cima de mim, esticou vagarosamente um bracinho até tocar meu rosto e cheirou meu nariz como sempre fazia. Era ela!!!

Escrevi um fotolivro sobre essa minha "saga" de mais de um mês (foto) e que está à venda no site www.miaubookecia.com:


Procurando Gatos Perdidos

Administro o grupo do Facebook "Gatos Perdidos e Encontrados no Brasil" que tem muitas dicas para os tutores procurarem seus amados gatinhos no album de fotos e também vários relatos de quem conseguiu achar o gato. 

Além disso, também presto consultoria personalizada pelo whats app:






Fátima ChuEcco - Jornalista e Escritora





Um comentário:

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