domingo, 4 de junho de 2023

Lançamento da Netflix "Tin e Tina": gêmeos inocentes ou perversos?


Um novo filme da Netflix está dando o que falar, "Tin e Tina", que retrata gêmeos albinos por volta dos 8 anos de idade capazes de certas atrocidades. Sabiamente, o roteiro provoca uma dúvida: o casal de assassinos mirins comete crimes por pura inocência ou são mesmo perversos por natureza?

Abandonados pelos pais e criados num rigoroso convento, os gêmeos desenvolvem obsessão pela Bíblia citando versículos a cada ato cruel que praticam. Inclusive, aqui vai um spoiler "necessário" aos de estômago mais fraco: na cena do cachorro fechem os olhos.

O verdadeiro caráter dos gêmeos certamente vai dividir opiniões já que suas atitudes estão sempre justificadas pelos versículos aos quais eles são tão apegados desde crianças.

Por outro lado, sabemos que a grande maioria dos psicopatas começa seus crimes na infância contra animais indefesos e outras crianças. E na vida adulta vemos inúmeros casos de psicopatas ou serial killers com fortes apelos religiosos, sendo que alguns deles cometem os crimes inspirados por passagens da Bíblia que, obviamente, interpretam do jeito deles.

Ao meu ver, Tin e Tina pode ser visto como um suspense com cenas de terror. E por vezes assusta mesmo a começar pela trilha sonora bem sombria.

Assista o trailer:


Veja e decida se Tin e Tina são inocentes ou perversos. E para ajudar na sua decisão vale lembrar alguns casos famosos de crianças que cometeram crimes bárbaros. 

Texto extraído de um dos episódios da série que desenvolvi para o portal da Anda chamada "Matadores de Animais: Assim começa a carreira de um psicopata".

Capítulo Três

Crianças Perversas: um mal que precisa ser cortado pela raiz

“Mas é apenas uma criança!”. Quantas vezes não ouvimos essa frase quando uma criança é acusada de ter ferido ou matado um animal? Inadvertidamente, muitos pais deixam de dar importância a um comportamento violento que pode progredir ao longo dos anos e culminar em um psicopata assassino.

Em 2008 bastaram apenas 35 minutos para que um garoto de sete anos de idade matasse 13 animais em um zoo na Austrália. O menino, desacompanhado dos pais, entrou no setor de répteis, pegou uma pedra e bateu com força contra um lagarto diversas vezes até o animal morrer. Depois atirou mais dez animais para dentro da jaula de um crocodilo: foram dez lagartos, quatro dragões barbudos, dois diabos-espinhosos, uma tartaruga e uma iguana de 20 anos. Pelas câmeras do zoo, o menino foi flagrado rindo enquanto assistia o crocodilo atacar um indefeso lagarto de língua azul.

Ele escapou por pouco de um processo, pois, no Território do Norte da Austrália, onde o fato ocorreu, as leis levam a julgamento pessoas a partir de 10 anos de idade. Seus pais, no entanto, foram processados pela falta de controle do filho e também por terem arriscado a própria vida dele, facilitando que ficasse tão perto de um crocodilo.

Assassino mirim brasileiro

Em 2004 um crime cometido em Cruz Alta, no Rio Grande do Sul chocou o país. A vítima, Maicon Rodrigues dos Santos, tinha seis anos. O menino teve a cabeça mergulhada em um poço e em seguida foi agredido com pauladas no peito, num nível de brutalidade difícil de imaginar ainda mais pela idade do agressor que tinha apenas 11 anos de idade.

Uma das testemunhas, uma menina de 10 anos, disse que ela, Maicon e mais um colega tinham convidado o agressor para um terreno baldio onde comeriam os restos de uma festa para crianças promovida por um Centro de Umbanda. No local o agressor pegou Maicon no colo para atravessar um córrego e em seguida enfiou sua cabeça no poço e começou a bater nele. As demais crianças correram para buscar ajuda.

O assassino mirim confessou que matava gatos com frequência da mesma forma e que não tinha dó dos bichos porque estava acostumado a ver cabritos, pombas e galinhas mortos em rituais (conforme noticia publicada pelo jornal Zero Hora de 1 de junho de 2004). 

As duas faces de uma linda garota

O tema “Crianças Perversas” não poderia deixar de citar Mary Bell, considerada a primeira assassina mirim do mundo. Quem poderia imaginar que essa delicada garota iria matar duas outras crianças? Isso aconteceu em 1968 na Inglaterra e a primeira vítima foi um garoto de 3 anos que Mary estrangulou e jogou do andar superior de uma casa um dia antes dela completar 11 anos de idade.

Apenas dois meses depois, perto de uma linha de trem, Mary estrangulou outro menino de 4 anos, perfurou suas coxas e genitais. Mas nessa vítima ela teve ainda a chance de fazer um detalhe sórdido: perfurou um M em sua barriga. No histórico de Mary consta que entre 4 e 8 anos de idade ela foi obrigada a manter relações com os clientes de sua mãe que era prostituta coincidindo com uma provável causa apontada pelos pesquisadores para o desenvolvimento do comportamento psicótico.

Foi presa devido aos fortes indícios de psicopatia e até conseguiu fugir da cadeia uma vez. Foi liberada em 1980 aos 23 anos e teve permissão para trocar de nome a fim de começar uma nova vida. Casou-se e teve uma filha, mas continuou tendo problemas com a vizinhança que descobria sua verdadeira identidade. Mary não se livrou de seu passado macabro. O livro “Gritos no Vazio” contém sua biografia escrita pela jornalista Gitta Sereny em 2007. 

Transtorno de Conduta

No Brasil as crianças com comportamento perverso recebem o diagnóstico de “transtorno de conduta” e muitas vezes nem fazem tratamento porque grande parte dos pais não quer assumir que tem um filho com tendência à crueldade e esconde o fato. Associa-se a esse comportamento causas genéticas, lesões cerebrais, abusos na escola ou em casa.

Segundo a Associação Americana de Psiquiatria (APA), menores de 18 anos não podem ser tratados como psicopatas porque suas personalidades ainda não estão totalmente formadas. Pesquisa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) aponta que cerca de 3,4% das crianças mentem, furtam, brigam e desrespeitam regras básicas, mas se também forem cruéis com os animais é motivo para os pais procurarem ajuda psicológica com urgência.

Psiquiatras acreditam que nas crianças ainda existe uma chance de mudança de conduta se elas forem muito bem assistidas e, especialmente, orientadas em outra direção com tratamento adequado. Podem aprender a direcionar sua violência latente para a Arte ou outras formas de expressão em que não prejudiquem bichos ou pessoas.

Texto: Fátima ChuEcco jornalista, escritora e fundadora da @BuscaCats


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