Casos como
do Sansão, um jovem pit bull que recentemente foi amordaçado e teve as duas pernas
amputadas, causam revolta coletiva e sensação de impotência. Isso porque todos vivem
repetindo que “nossas leis são brandas” e que “tem que mudar nosso código penal”. Assim ... depois do furor devido à dor do episódio, grande parte das pessoas
esquece e aguarda uma nova crueldade extrema para se rebelar novamente nas
redes sociais.
Tem as
petições, as manifestações, alguma movimentação por parte de políticos e tudo
isso é válido, mas se não é possível alterar o código penal "já" alguma outra coisa deve e "pode" ser feita para conter esses casos de violência extrema contra animais.
Um cadastro
oficial com nome e CPF de todas as pessoas condenadas por ferir e matar animais.
Elas
ficariam com o “nome sujo”, do mesmo jeito que acontece quando ficam devendo na
praça, só que no caso de terem cometido atrocidades, isso servirá para
impedí-las de conseguirem novos empregos porque, em geral, o CPF das pessoas é
checado quando elas buscam um trabalho.
Quanto aos
criminosos mais abastados, empresários por exemplo, seu CPF nesse cadastro
também mostraria a possíveis parceiros comerciais sua índole e isso poderia
prejudicar os negócios.
Pra isso não precisa alterar código penal...
Seriam cadastradas aquelas pegas em flagrante, que confessarem os crimes ou que depois de julgamento tenham sido consideradas culpadas.
O ideal
seria que o Brasil funcionasse como outros países onde crimes de extrema
crueldade contra animais indica que aquele sujeito é também um perigo para a
sociedade e precisa ser mantido distante dela.
Isso porque o cara que corta as
pernas de um pit bul imobilizado é o mesmo cara que desfigura o rosto de uma
mulher por ciúmes ou que estupra uma criança.
Não tem
diferença.
É a mesma pessoa covarde que ataca, fere e mata criaturas com força inferior
à sua e que, muitas vezes até se diverte com isso. Ainda que Sansão fosse um cão
agressivo com outros cães dos arredores (como os criminosos disseram)... ainda
assim... muita coisa podia ser feita ser qualquer violência...
Nada e
absolutamente nada justifica a covarde amputação de suas pernas. Isso é violência em seu mais alto
grau de brutalidade. Quem faz isso normalmente não faz só uma vez e, normalmente,
não faz só com animais. E isso não sou eu que digo, mas inúmeros estudos.
Nos EUA até
as crianças que cometem crimes terríveis contra animais são monitoradas porque
revelam que podem se tornar adultos cruéis e um perigo para toda a sociedade.
No Brasil
ainda não se consolidou entre as autoridades e governantes uma consciência de
que o mesmo criminoso que amputa patas, que fura olhos, que enforca e que
queima com óleo quente os animais (entre outras coisas) é, no mínimo, um perigo
para todos.
Então o
cadastro seria uma forma de desmotivar ações como essa cometida contra Sansão e
tantos outros.
Pagar o Mal
com o Bem
Quase todo
mundo acredita em duas justiças: a dos homens e a de Deus. E muita gente,
diante de casos como do Sansão e do Manchinha (lembram dele ou já esqueceram?!) acredita que os criminosos serão punidos a ponto de sofrerem igual ou ainda pior
pelas mãos divinas.
Talvez. Não
sabemos. Esse julgamento não cabe a nós.
Mas a nós
cabe nos protegermos uns aos outros e os animais que dividem conosco esse
planeta.
Ao meu ver, “pagar o mal com o bem” é buscar soluções onde os bons
fiquem protegidos dos maus e os maus fiquem isolados tempo suficiente (dependendo
do caso a vida toda) para repensarem seus atos e direcionarem sua índole
violenta em atividades que não prejudiquem ninguém – o que é um bem para eles
mesmos. Essa é a que chamamos justiça dos homens e a única que nos compete.
Às vezes
essa nossa Justiça consegue isolar ou deter o mal... muitas vezes não.
Mas ficar de
braços cruzados diante do mal, lamentando o tal fantasma indestrutível de um código penal que só contempla esses casos com leis suaves, certamente não é pagar o mal com o bem. Fica a sugestão para que os
antigos, novos e futuros políticos pensem em "novas" formas de conter as atrocidades
contra os animais.
Fátima ChuEcco
Jornalista/Escritora